Estudos anteriores sugerem que Salvador, capital da Bahia, um estado do Nordeste do Brasil, tem a maior prevalência de infecção por HTLV em doadores de sangue entre as cidades brasileiras. O objetivo deste estudo caso-controle foi identificar os determinantes de risco para a infecção por HTLV entre doadores de sangue em Salvador. Entre janeiro 2000 e dezembro 2003, 504 doadores de sangue positivos para a infecção por HTLV em teste de triagem (prevalência não confirmada de 0,48%) foram convidados para participar deste estudo. O Western Blot foi realizado em 154 destes doadores dos quais 139 foram confirmados como positivos (taxa de triagem falso positivo de 9,9%). A partir de um questionário padronizado, informações demográficas, socioeconômicas e sobre as características educacionais assim como sobre o comportamento sexual foram obtidas de 91 participantes, entre os 139 Western Blot positivos e de 194 participantes HTLV-negativos. A prevalência da infecção de HTLV foi de 0,48%. A análise multivariada revelou os seguintes fatores de risco para a infecção de HTLV: sexo feminino (OR 3.79 [1.61-8.88], p=0.002), baixa renda familiar (OR 3.37 [1.17-9.66], p=0.02), relato espontâneo de DST (OR 6.15 [2.04-18.51], p=0.001), dois ou mais parceiros sexuais durante a vida sexual, (OR 9.29 [2.16-39.94], p=0.0020), utilização inconstante de camisinhas (OR 4.73 [1.98-11.26], p=0.0004). Conforme dados da literatura, nossos resultados indicam uma associação entre o baixo nível socioeconômico, a baixa escolaridade e o comportamento sexual de risco com a infecção por HTLV.
Previous data suggest that Salvador, the capital of the State of Bahia, a northeastern state of Brazil, has the highest prevalence of HTLV infection in blood donors among Brazilian cities. The aim of this case-control study was to identify the determinants of risk for HTLV infection among blood donors in the city of Salvador. Between January 2000 and December 2003, 504 blood donors with positive screening tests for HTLV infection (unconfirmed prevalence of 0.48%) were invited to participate in our study. A total of 154 had performed a Western Blot (WB) test, 139 were of which found to be positive (false positive screening rate 9.9%). Using a standardized questionnaire, a single interviewer obtained information on demographic, socio-economical and educational characteristics, as well as sexual behavior from 91 out of the 139 positive by WB and from 194 HTLV-negative blood donors. Prevalence of HTLV infection was 0.48%. Multivariate analysis revealed women (OR 3.79 [1.61-8.88], p=0.002), low family income* (OR 3.37 [1.17-9.66], p=0.02), self-reported history of sexual transmitted diseases (OR 6.15 [2.04-18.51], p=0.001), 2 or more sexual partners during life (OR 9.29 [2.16-39.94], p=0.0020) and inconsistent use of condoms (OR 4.73 [1.98-11.26], p=0.0004) as risk factors for HTLV infection. In accordance with previous published data, our results point to an association between low socio-economical level, poor education and unsafe sexual behavior with HTLV infection. We observed a lower prevalence of HLTV infection when compared to previous data.