A geometria das zonas de cisalhamento no CinturãoParaíba do Sul no Rio de Janeiro, sudeste do Brasil, delineia uma estrutura-em-leque com direção NE. Estaszonas de cisalhamento mergulham para SE no flanco norte, e para NW no flanco sul da estrutura. Esta geometria tem sido interpretada de duas formas: (a) implantação de um regime transpressivo ou (b) dobramento tardio de superfícies de empurrão originalmente sub-horizontais. A lineação de estiramento mineral mostra caimento para ENE-ESE, no flanco norte, e para NNE-NE, no flanco sul, onde ocorre a Zona de Cisalhamento do Rio Santana. No flanco sul da divergência-em-leque, os dados estruturais sugerem uma evolução tectônica em dois estágios, sob condições de alta temperatura: um estágio precoce, envolvendo empurrões oblíquos sinistrais e movimentos tangenciais paralelos ao orógeno com cinemática de topo para SSW-SW, e um estágio tardio, envolvendo deformação transtrativa destral, com movimento de topo para NNE-NE. Propõe-se aqui um modelo de deformação heterogênea para explicar esta inversão cinemática. Neste modelo, durante a deformação progressiva, o gradiente do campo de movimento transpressivo pode variar de duas maneiras: (a) por mudanças transitórias na reologia da crosta ou (b) por mudanças no componente de cisalhamento puro. No estágio precoce, o material parcialmente fundido acomoda mais facilmente as deformações impostas, ocorre cisalhamento dúctil com movimento de topo para SSW-SW. À medida que ocorre o decréscimo do distúrbio termal e aumenta a razão de convergência, instala-se um regime de deformação cisalhante transtrativa com movimento de topo para NNE. Sugere-se que esta deformação transtrativa esteja relacionada a uma tectônica de extrusão associada à deformação transpressiva regional.
Shear zones geometry in the Paraíba do Sul belt, southeastern Brazil, delineates a NE-trending fan-like structure. Shear zones dip towards SE in the northern limb, and towards NW in the southern one. This geometry has been interpreted either due to transpression or to late folding of flat-lying thrust surfaces. Stretching lineation plunges to ENE-ESE in the northern limb and towards NNE-NE in the southern one. Structural data in the southern limb of the divergent fan suggest a two stage kinematic evolution in high-temperature conditions: an earlier stage with top-to-SSW/SW sinistral thrusting and orogenic-parallel tangential motion, and a later stage with top-down to NNE/NE transtensional deformation. We propose a heterogeneous deformation model to explain the observed shear reversal, and suggest that the imposed transpressional displacement gradient may change during progressive deformation due to transient rheological inhomogeneities in bulk pure shear strain. In the earlier stage, the partially molten material could easily accommodate the imposed strain rates, giving rise firstly to the SW-directed shearing. As the thermal disturbance tended to vanish and the convergence increased, the NNE-directed transtensional shearing developed. We propose that the transtensional deformation characterized in this paper could be related to extrusion processes during regional transpressional strain.