OBJETIVO: Determinar se o número de áreas anatômicas envolvidas pode modificar os grupos de risco padrão no linfoma de Hodgkin pediátrico, identificando as crianças que poderiam se beneficiar de uma redução da intensidade do tratamento. MÉTODOS: Estudo retrospectivo com avaliação de idade, sexo, histologia, classificação de Ann-Arbor, presença de sintomas B, número de áreas anatômicas envolvidas, grupos de risco (favorável versus desfavorável) e exames laboratoriais. Todos os pacientes receberam quimioterapia com doxorrubicina. Os pacientes em remissão completa por 5 anos ou mais foram avaliados para a detecção de efeitos tardios. RESULTADOS: Sessenta e nove pacientes (2-18 anos) foram incluídos, sendo que 68% pertenciam ao grupo de risco desfavorável. A sobrevida global e a sobrevida livre de eventos foram de 94 e 87%, respectivamente. Os efeitos tardios foram detectados em 46 casos. Estágio avançado e > quatro áreas anatômicas envolvidas tiveram impacto negativo sobre a sobrevida livre de eventos, enquanto que o número de áreas anatômicas envolvidas apresentou significância estatística de acordo com a análise de Cox (razão de risco = 6,4; IC95% = 1,08-38,33; p = 0,04). Os grupos de risco foram ajustados por número de áreas anatômicas envolvidas (< quatro/> quatro áreas anatômicas envolvidas), com uma significativa realocação de pacientes (p = 0,008). Dos 30 pacientes com efeitos tardios, 21 estavam no grupo de risco desfavorável original, e 14 poderiam ter sido realocados para o grupo de risco favorável com base no número de áreas anatômicas envolvidas. CONCLUSÃO: Se uma reestratificação tivesse sido aplicada, um número considerável de crianças teria recebido tratamento de menor intensidade e, consequentemente, poderia ter tido menores chances de apresentar efeitos tardios. Um estudo prospectivo poderia definir se o ajuste de grupos de risco pelo número de áreas anatômicas envolvidas teria algum impacto sobre as taxas de sobrevida.
OBJECTIVE: To determine if the number of involved anatomic areas can modify the standard risk groups in pediatric Hodgkin's lymphoma, identifying children who would benefit from a reduction in treatment intensity. METHODS: Retrospective study evaluating age, sex, histology, Ann-Arbor stage, presence of B symptoms, number of involved anatomic areas, risk grouping (favorable vs. unfavorable), and laboratory exams. All patients received doxorubicin-containing chemotherapy. Patients in complete remission for 5 years or longer were evaluated as for late effects. RESULTS: Sixty-nine patients (2-18 years) were included, 68% belonged to the unfavorable risk group. Overall survival and event-free survival were 94 and 87%, respectively. Late effects were screened in 46 cases. Advanced stage and > four involved anatomic areas had negative impact on event-free survival, while only the number of involved anatomic areas retained statistical significance when using Cox analysis (hazard ratio = 6.4, 95%CI = 1.08-38.33; p = 0.04). Risk groups were adjusted by number of involved anatomic areas (< four/> four involved anatomic areas), with a significant reallocation of patients (p = 0.008). Of the 30 patients with late effects, 21 were in the original unfavorable risk group and 14 (66.6%) could have been reallocated to the favorable risk group based on the number of involved anatomic areas. CONCLUSION: If re-stratification had been applied, a considerable number of children would have received less intensive treatment and, consequently, could have had lower chances of late effects. A prospective study could define if adjustment of risk group by number of involved anatomic areas would have any impact on survival rates.