RESUMO A criatividade e inovação passam a ser requeridas em virtude das novas configurações nos processos de trabalho, nos formatos organizacionais, nas tecnologias físicas e intangíveis, e ainda nos produtos e mercados. Em paralelo à crescente centralidade e interesse pelos fenômenos de criatividade e de inovação, observa-se o alargamento de seus conceitos. A inflação e banalização de usos tendem a torná-los autoexplicáveis e pouco elucidativos de situações a que se aplicam e dos efeitos associados. A ausência de clareza conceitual contribui, assim, tanto para fragilizar as políticas de promoção da criatividade e inovação nas organizações, quanto para dificultar a adesão dos trabalhadores a tais políticas. O estudo objetivou caracterizar os elementos-chave das definições livres de criatividade e inovação de trabalhadores e a identificação de seu alinhamento a definições e perspectivas teóricas presentes na literatura sobre o tema. Participaram do estudo 231 trabalhadores de países de língua portuguesa, espanhola e euskera, com idade entre 22 a 75 anos de idade. Fez-se uso do software de análise de dados qualitativos Atlas TI 7 versão 1.8 para codificação e categorização. Um ponto de convergência com a literatura especializada foi que a criatividade e inovação apresentaram-se fortemente associadas à novidade no desenvolvimento de uma ideia/produto/processo/serviço. A criatividade, no entanto, é definida mais em termos de fatores disposicionais que de fatores contextuais e situacionais, distanciando-se das perspectivas teóricas atuais. O planejamento como um aspecto-chave para o desenvolvimento da inovação organizacional está praticamente ausente das definições dos trabalhadores. Analisam-se os impactos dessas definições para as práticas de gestão organizacional.
ABSTRACT Creativity and innovation are now required given the new configurations in work processes, in organizational formats, in physical and intangible technologies, as well as in products and markets. In parallel with the growing centrality and interest in the phenomena of creativity and innovation, a broadening of its concepts is observed. The inflation and trivialization of uses tend to make them self-explanatory and not very enlightening regarding situations to which they apply and the associated effects. The lack of conceptual clarity thus contributes both to undermining policies to promote creativity and innovation in organizations, as well as to hinder the employees' adherence to such policies. The study aimed to characterize the key elements of workers' informal definitions of creativity and innovation, and identify their alignment with definitions and theoretical perspectives. The study included 231 workers from Portuguese-, Spanish-, and Basque-speaking countries, aged 22-75 years. The qualitative data analysis software ATLAS.ti 7 was used for coding and categorization. One point of convergence with the specialized literature was that creativity and innovation strongly associated with novelty in the development of an idea / product / process / service. Creativity, however, is defined more in terms of dispositional factors rather than contextual and situational factors, diverging from current theoretical perspectives. Planning as a key aspect for organizational innovation development is practically absent from the workers' definitions. It discusses some impacts of these settings for organizational management practices.
RESUMEN Tanto la creatividad como la innovación son necesarias si tenemos en cuenta las nuevas configuraciones en los procesos del trabajo, en los formatos organizacionales, en las tecnologías físicas e intangibles, así como en los productos y mercados. Al tiempo que se produce una mayor centralidad e interés en el fenómeno de la creatividad y la innovación, asistimos a un desarrollo de sus conceptos asociados. La inflación y trivialización en sus usos tienden a hacerlos autoexplicativos y sin capacidad para ilustrarnos sobre aquellas situaciones a las que hacen referencia y sus efectos asociados. La falta de claridad conceptual contribuye a socavar políticas que promuevan la creatividad e innovación en las organizaciones y dificultan la implicación de los trabajadores en dichas politicas. El objetivo de este estudio fue caracterizar los elementos principales que forman parte de las definiciones informales de creatividad dadas por los trabajadores e identificar su pertenencia a distintas definiciones y perspectivas teóricas existentes en la literatura sobre el tema. En este estudio participaron 231 trabajadores de lengua portuguesa, española y vasca, entre 22 y 75 años de edad. Para la categorización y codificación de los datos se utilizó el atlas Ti 7, versión 1.8. Una característica convergente con la bibliografía especializada fue que la creatividad y la innovación se encontraban fuertemente asociadas a novedad en el desarrollo de una idea/producto/proceso/servicio. La creatividad, sin embargo, era definida más en términos de factores disposicionales que de factores contextuales y situacionales, distanciándose de las perspectivas teóricas actuales. La planificación como aspecto clave en el desarrollo de la inovación organizacional está prácticamente ausente en las definiciones dadas por los trabajadores. Se analizan los efectos de estas definiciones en las prácticas de gestión organizacional.