RESUMO Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico das uveítes atendidas no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ. Identificando o padrão de apresentação da inflamação intraocular a partir de critérios clínicos, anatômicos, etiológicos e demográficos. Métodos: Estudo retrospectivo, com base em prontuários de 408 pacientes com doença ativa, atendidos no serviço de oftalmologia no período de março a outubro de 2018. Foram descritos a idade, sexo, acuidade visual no momento do diagnóstico, diagnóstico anatômico e etiológico, aspecto clínico, além dos principais sintomas relatados durante a anamnese. Resultados: Dos 408 pacientes do estudo, 52% eram do sexo masculino e 48% do feminino. A idade média dos pacientes foi de 42 anos, a maioria (84%) entre 19 e 64 anos. Uveíte anterior foi observada em 37,75% dos pacientes, uveíte posterior em 49,75%, panuveíte em 4,66% e uveíte intermediária em 3,43%; apenas 18 pacientes (4,41%) apresentaram diagnóstico de esclerite. Dos 390 pacientes com classificação anatômica, a etiologia foi determinada em 76% deles, com os diagnósticos mais prevalentes sendo Toxoplasmose (35,4%), artrite idiopática juvenil (6,4%), espondilite anquilosante (5,9%) e sífilis (4,9%). ) A uveíte infecciosa correspondeu a 49,7% desses pacientes, enquanto 26,6% eram de origem não infecciosa. A uveíte anterior teve o maior número de casos classificados como idiopáticos (49,4%), enquanto a uveíte posterior teve a etiologia estabelecida em 94% das vezes. Os sintomas mais frequentes foram dor ocular (71,8%) e visão embaçada (56,8%). Conclusões: O presente estudo confirmou a importância histórica da uveíte infecciosa em nossa população, principalmente a toxoplasmose ocular. As uveítes parecem não ter predileção por sexo, mas afetam principalmente jovens em idade ativa, gerando consequências sociais e econômicas. Apesar da evolução nos métodos diagnósticos, a uveíte idiopática continua sendo uma das principais causas. Estudos epidemiológicos apontam para diferentes padrões de uveíte nas populações, estes podem refletir características particulares de cada instituição.
ABSTRACT Purpose: The aim of this study was to describe the epidemiological profile of uveitis cases treated at University Hospital Clementino Fraga Filho and to identify the presentation pattern of intraocular inflammation on the basis of clinical, anatomical, etiological, and demographic criteria. Methods: A retrospective study was conducted using data from the medical records of 408 patients with active disease who attended the ophthalmology service between March and October 2018. Age, sex, visual acuity at the time of diagnosis, anatomical and etiological diagnoses, the clinical aspect, and the main symptoms reported during anamnesis were described. Results: Of the 408 patients in the study, 52% were male and 48% were female. The patients’ mean age was 42 years, and most (84%) were between 19 and 64 years old. Anterior uveitis was observed in 37.75% of the patients; posterior uveitis, in 49.75%; panuveitis, in 4.66%; and intermediate uveitis, in 3.43%. Only 18 patients (4.41%) presented with scleritis. Of the 390 patients with anatomical classifications, 76% had known etiologies, with the most prevalent diagnoses being toxoplasmosis (35.4%), followed by juvenile idiopathic arthritis (6.4%), ankylosing spondylitis (5.9%), and syphilis (4.9%). Infectious uveitis corresponded to 49.7% of the patients, while 26.6% of the cases were of noninfectious origin. Anterior uveitis had the highest number of cases classified as idiopathic (49.4%). In the cases of posterior uveitis, the etiology was established 94% of the time. The most frequent symptoms were ocular pain (71.8%) and blurring vision (56.8%). Conclusions: The present study confirmed the historical importance of infectious uveitis in our population, especially ocular toxoplasmosis. Uveitis appears to have no predilection for sex but mainly affects young people of working age, thus generating social and economic consequences. Despite the evolution of diagnostic methods, idiopathic uveitis remains one of the major etiologies. Epidemiological studies point to different presentation patterns of uveitis in different populations, but these may reflect the distinct characteristics of each institution.