INTRODUÇÃO E OBJETIVOS: A primeira referência de retardo no esvaziamento gástrico (EG) foi feita por Grodstein em 1979. Outros estudos foram publicados posteriormente, nem sempre confirmando essa observação. A importância do EG em anestesia pode ser resumida em um de seus aspectos principais, o jejum pré-operatório. O retardo no esvaziamento pode causar estase e aumentar o risco de vômito e aspiração pulmonar. A possibilidade de existir retardo do esvaziamento em urêmicos é atraente. Queixas dispépticas são comuns nesses pacientes e poderiam ser explicadas pela dificuldade de esvaziamento gástrico. Apesar das evidências, a literatura é muito controversa nesse aspecto. Não há consenso quanto aos resultados obtidos. Diferenças no método de estudo utilizado poderiam explicar esses resultados, observados em estudos clínicos e experimentais. O objetivo desse estudo foi rever alguns aspectos importantes da síndrome dispéptica em pacientes com insuficiência renal crônica (IRC) terminal, com ênfase no retardo do EG. CONTEÚDO: Serão abordados os aspectos básicos relacionados com a fisiologia do EG, os métodos mais empregados para o estudo do EG, a síndrome dispéptica e a uremia e o esvaziamento gástrico na insuficiência renal crônica. CONCLUSÕES: O EG é um processo fisiológico complexo de transferência do alimento do estômago para o duodeno, cujos mecanismos ainda não estão devidamente esclarecidos. A cintilografia, utilizando refeições acrescidas de radiofármacos, é o exame mais utilizado para o estudo do EG. Uma porcentagem expressiva de pacientes com IRC terminal apresenta retardo no EG. Possivelmente outros mecanismos, além da uremia que participa da função motora gástrica, estão envolvidos nesta disfunção.
BACKGROUND AND OBJECTIVES: The first reference to delayed gastric emptying (GE) was made by Grodstein in 1979. Other studies have since been published, not always confirming his work. The importance of GE in anesthesia can be resumed by one of its main aspects, preoperative fasting. Delayed gastric emptying can lead to stasis and increase the risk of vomiting and aspiration. The possibility that uremic patients present delayed gastric emptying is fascinating. Gastric complaints are common in this patient population, and could be explained by the difficulty to empty the stomach. Despite the evidence, there is controversy in the literature regarding this subject. There is no consensus regarding the results. Differences in the methods of the studies could explain the results obtained in clinical and experimental trials. The objective of this study was to review a few important aspects of the dyspeptic syndrome in patients with chronic renal failure (CRF), emphasizing the delayed GE. CONTENTS: The basic aspects of the physiology of GE, methods used more often to study GE, dyspeptic syndrome and uremia, and gastric emptying in chronic renal failure will be discussed. CONCLUSIONS: Gastric emptying is a complex physiological process that transfers food from the stomach to the duodenum, whose mechanisms are yet to be fully characterized. Scintigraphy, using meals with radiolabelled drugs, is the exam used more often to study GE. An expressive percentage of the patients with end-stage renal disease also present delayed GE. It is possible that other mechanisms, besides uremia, involved in gastric motor function also play a role in this dysfunction.
INTRODUCCIÓN Y OBJETIVOS: La primera referencia de retardo en el vaciamiento gástrico (EG) fue hecha por Grodstein en 1979. Otros estudios fueron publicados posteriormente, y no siempre confirmando esa observación. La importancia del EG en anestesia puede ser resumida un uno de sus aspectos principales, el ayuno preoperatorio. El retardo en el vaciamiento puede causar estasis y aumentar el riesgo de vómito y aspiración pulmonar. La posibilidad de existir retardo del vaciamiento en urémicos nos atrae. Quejas dispépticas son comunes en estos pacientes y podrían ser explicadas por la dificultad de vaciamiento gástrico. A pesar de las evidencias, la literatura es muy controvertida en este aspecto. No existe un consenso en cuanto a los resultados obtenidos. Diferencias en el método de estudio utilizado podrían explicar esos resultados, observados en estudios clínicos y experimentales. El objetivo de este estudio fue ver nuevamente algunos aspectos importantes del síndrome dispéptico en pacientes con insuficiencia renal crónica (IRC) terminal, con énfasis en el retardo del EG. CONTENIDO: Se abordarán los aspectos básicos relacionados a la fisiología del EG, los métodos más empleados para el estudio del EG, el síndrome dispéptico y la uremia y el vaciamiento gástrico en la insuficiencia renal crónica. CONCLUSIONES: El EG es un proceso fisiológico complejo de transferencia del alimento del estómago para el duodeno, cuyos mecanismos todavía no se conocen bien. La cintilografía, utilizando comidas con radio fármacos, es el examen más utilizado para el estudio del EG. Un porcentaje expresivo de pacientes con IRC terminal presenta retardo en el EG. Posiblemente otros mecanismos, además de la uremia, involucrando la función motora gástrica, están involucrados en esta disfunción.