RESUMO: A literatura consagrou a importância de suporte e de atitudes solidárias na vida de pessoas que enfrentam adversidades. Nesse sentido, este estudo objetivou identificar e discutir o fenômeno da solidariedade intergeracional entre mães e avós de crianças com deficiência em uma amostra brasileira. Trata-se de um estudo descritivo, de caráter quantitativo. Os dados foram coletados com 76 participantes: díades de avós e mães de crianças com deficiência que apresentam dependência de adultos no cotidiano. Instrumentos de autorrelato foram administrados individualmente para apreender dimensões da relação intergeracional, de ambivalência e maturidade das mães e das avós. Os resultados indicam que a ambivalência intergeracional é a dimensão com valores mais baixos nas mães, mas uma das dimensões com valores mais elevados nas avós, juntamente à maturidade parental. Algumas implicações podem ser retiradas para a necessidade de levar em consideração a riqueza e a complexidade existente na reciprocidade das relações intergeracionais no geral e, em particular, entre cuidadoras de crianças com elevado nível de dependência. As intervenções, que visem colaborar para a coesão e bem-estar dessas famílias, devem considerar o papel desempenhado não só pela mãe e pelo pai, como cuidadores principais, mas também pelos avós, atendendo tanto ao apoio que prestam como às suas próprias necessidades de apoio, de informação e de autonomia. Estudos futuros podem tentar esclarecer, do ponto de vista qualitativo e quantitativo, essas relações diádicas, assim como introduzir outros indicadores de risco e de ajustamento adicionais, como outras pessoas que podem ser fontes de apoio, sejam ou não membros da família biológica.
ABSTRACT: Literature has established the importance of support and solidary attitudes in the lives of people facing adversity. In this sense, this study aimed to identify and discuss the phenomenon of intergenerational solidarity between mothers and grandmothers of children with disabilities in a Brazilian sample. This is a descriptive, quantitative study. Data were collected from 76 participants: dyads of grandmothers and mothers of children with disabilities who are dependent on adults in their daily lives. Self-report instruments were administered individually to apprehend dimensions of the intergenerational relationship, ambivalence and maturity of mothers and grandmothers. The results indicate that intergenerational ambivalence is the dimension with the lowest values in mothers, but one of the dimensions with the highest values in grandmothers, together with parental maturity. Some implications can be drawn from the need to take into account the richness and complexity existing in the reciprocity of intergenerational relationships in general and, in particular, between caregivers of children with a high level of dependency. Interventions aimed at contributing to the cohesion and well-being of these families must consider the role played not only by the mother and father, as the main caregivers, but also by the grandparents, attending both the support they provide and their own needs support, information and autonomy. Future studies may try to clarify, from a qualitative and quantitative point of view, these dyadic relationships, as well as to introduce other additional risk and adjustment indicators, such as other people who can be sources of support, whether or not they are members of the biological family.