OBJETIVO: Avaliar a prevalência de sintomas decorrentes de doença de superfície ocular (DSO) em pacientes brasileiros com glaucoma ou hipertensão ocular que utilizam tratamento ocular tópico para redução da pressão intraocular (PIO). MÉTODO: Neste estudo multicêntrico, não intervencional de uma única visita, pacientes adultos com glaucoma ou hipertensão ocular em tratamento para redução da pressão intraocular (PIO) responderam aos 12 itens do questionário "índice de doença da superfície ocular" (OSDI). Cada resposta foi pontuada numa escala de 5 pontos, com 0 (zero) indicando a ausência de sintomas e 4 indicando sintomas presentes todo o tempo. A média de respostas dos 12 itens para cada paciente foi transformada numa escala de 0 a 100, com pontuações mais elevadas representando piores deficiências. Os resultados do OSDI foram categorizados como ausência de DSO (pontuação de 0-12), DSO leve (pontuação de 13-22), DSO moderada (pontuação de 23-32) ou DSO grave (pontuação de 33-100). RESULTADOS: Os 173 pacientes incluídos apresentavam idade média de 61,2 anos, 65,3% eram mulheres (65,3%), tinham glaucoma em 89,0% dos casos e hipertensão ocular em 11,0% dos casos. As pontuações do OSDI para os 158 pacientes utilizando uma medicação para redução da PIO indicaram "DSO ausente" em 37,3% dos pacientes (59/158), "DSO leve" em 20,9% (33/158), "DSO moderada" em 17,1% (27/158) e "DSO grave" em 24,7% (39/158). Para os 120 pacientes utilizando medicação redutora da PIO e com duração conhecida do diagnóstico de glaucoma ou hipertensão ocular, a pontuação média do OSDI foi numericamente superior (pior) para 39 pacientes com diagnóstico realizado há mais de 6 anos (pontuação 25 [± 20] indicando DSO moderado) do que para 81 pacientes com o diagnóstico realizado há menos de 6 anos (pontuação 22 [± 20] indicando DSO leve); no entanto, não houve diferença estatisticamente significativa na média da pontuação OSDI na duração do diagnóstico (P=0.49), distribuição (P≥0,26), ou correlação (P=0,77). CONCLUSÃO: Uma grande proporção de pacientes brasileiros tratados com uma medicação para redução da PIO apresenta sintomas decorrentes de doença da superfície ocular (DSO).
PURPOSE: To examine the prevalence of ocular surface complaints in Brazilian patients with glaucoma or ocular hypertension who used topical intraocular pressure (IOP)-lowering regimens. METHODS: In this multicenter, noninterventional, single-visit study, adults with glaucoma or ocular hypertension treated with an IOP-lowering regimen were administered the 12-item ocular surface disease index (OSDI) questionnaire. Each response was scored on a 5-point scale, with 0 indicating symptom present none of the time and 4 indicating symptom present all of the time. The average of the 12 item responses for each patient was transformed to a scale from 0 to 100, with higher scores representing worse disabilities. OSDI results then were categorized as absence of OSD (scores of 0-12), mild OSD (scores of 13-22), moderate OSD (scores of 23-32), or severe OSD (scores of 33100). RESULTS: The 173 enrolled patients had a mean age of 61.2 years, were women in 65.3% of cases, and had glaucoma in 89.0% of cases and ocular hypertension in 11.0% of cases. OSDI scores for 158 patients using 1 IOP-lowering therapy indicated no OSD in 37.3% of patients (59/158), mild OSD in 20.9% (33/158), moderate OSD in 17.1% (27/158), and severe OSD in 24.7% (39/158). For the 120 patients using 1 IOP-lowering medication and having a known duration of diagnosis of glaucoma or ocular hypertension, mean OSDI scores were numerically higher (worse) for the 39 patients with a diagnosis ≥6 years long (score 25 [± 20], indicating moderate OSD) than for the 81 patients with a diagnosis lasting <6 years (score 22 [± 20], indicating mild OSD); however, no significant differences in OSDI scores by duration of diagnosis were evident in means (P=0.49), distributions (P≥0.26), or correlation (P=0.77). CONCLUSIONS: A large proportion of Brazilian patients treated with 1 IOP-lowering therapy had some ocular surface complaints.