O presente trabalho registra caso de histoplasmose em paciente de 5 anos, HIV negativo, natural e procedente da cidade de São Paulo, com lesões cutâneas não diagnosticadas clinicamente. Exame histopatológico negativo para infecção fúngica. Cultivos em duas ocasiões, positivos para Histoplasma capsulatum var. capsulatum (amostras 361 e 387). Sorologia negativa para anticorpos anti-Histoplasma capsulatum e Paracoccidioides brasiliensis pelas provas de Imunodifusão dupla e Contraimunoeletroforese. Ensaio imunoenzimático pesquisando o antígeno polissacarídico específico, negativo. A obtenção do exoantígeno de uma das amostras permitiu, através de provas de Imunodifusão, com soro de coelho anti-Histoplasma capsulatum var. capsulatum, detectar duas bandas de precipitação. Registre-se a negatividade da reação de Imunodifusão dupla do soro do paciente face ao exoantígeno produzido com a amostra dele isolada. Através da reação de Immunoblotting foi identificada uma fração com peso molecular de aproximadamente 94 kDa, além de outras. Os dois cultivos foram enviados ao Prof. Leo Kaufman, CDC, Atlanta, USA, o qual identificou as duas amostras como Histoplasma capsulatum var. capsulatum, através de provas de Imunodifusão dupla com os respectivos exoantígenos e sonda específica do fungo (DNA-probe). As colorações específicas para fungos, nos tecidos, foram negativas, incluindo prova de Imunoperoxidase para Histoplasma capsulatum var.capsulatum, a negatividade das provas sorológicas para histoplasmose clássica e o próprio aspecto clínico das lesões cutâneas eritêmato-violáceas infiltradas, mostram que o caso em apreço é realmente inusitado, correspondendo o cultivo a uma "variante aberrante" do Histoplasma capsulatum var. capsulatum. Face ao diagnóstico micológico de histoplasmose clássica, o paciente foi tratado com itraconazol 100 mg/dia, durante três meses, com regressão total das lesões.
A case of atypical disseminated cutaneous histoplasmosis in a five-year old, otherwise healthy child, native and resident in São Paulo metropolitan area is reported. Cutaneous lesions were clinically atypical. Histologic examination disclosed a granulomatous reaction but no fungal structures could be demonstrated by specific staining nor by immunohistochemical reaction. The fungus was isolated from biopsy material on two different occasions, confirming diagnosis of an unusual fungal infection. The fungus, originally thought to be a Sepedonium sp. due to the large sized, hyaline or brownish colored tuberculated macroconidia and to lack of dimorphism (yeast form at 37 °C) produce H and M antigens, visualized by the immunodiffusion with rabbit anti-Histoplasma capsulatum hyperimmune serum. Patient’s serum sample was non reactive with H. capsulatum antigen by immunodiffusion, counterimmunoelectrophoresis and complement fixation tests, and immunoenzymatic assay failed to detect the specific circulating antigen. This serum was tested negative by double immunodiffusion when antigen obtained from one of the isolated samples was used. Both cultures were sent to Dr. Leo Kaufman, Ph.D. (Mycoses Immunodiagnostic Laboratory, CDC-Atlanta/USA), who identified them as H. capsulatum by the exoantigen and gen-probe tests. Both clinic and mycologic characteristics of the present case were atypical, suggesting the fungus isolated is an “aberrant variant” of H. capsulatum var. capsulatum, as described by SUTTON et al. in 199719. Treatment with itraconazole 100 mg/day led to cure within 90 days