Este artigo pretende evidenciar determinados aspectos da leitura estruturalista de Benveniste sobre as fundamentações linguísticas encontradas em Freud, mais propriamente em seu texto “Sobre o sentido antitético das palavras primitivas”. Coloca-se em diálogo o artigo de Benveniste intitulado “Observações sobre a função da linguagem na descoberta freudiana” com as teorizações linguísticas apresentadas por Freud em seu texto supracitado. Busca-se, assim, uma interface entre os estudos linguísticos e psicanalíticos, problematizando a noção de língua primitiva trazida por Freud e confrontando-a com pressupostos da Linguística Estrutural defendida por Benveniste. A abordagem tecida é eminentemente teórica, buscando iluminar os pontos de divergência entre a concepção de linguagem na perspectiva de Freud e de Benveniste. Para atingir esse objetivo, buscou-se o estudo sobre a negação desenvolvida por Freud em seu texto “A negativa” e colocou-a em relação com as observações de Benveniste sobre o linguista Carl Abel, forte influência linguística no pensamento freudiano desenvolvido no texto “Sobre o sentido antitético das palavras primitivas”. Como conclusão, torna-se possível compreender que, se a língua é uma estrutura e um sistema, ela possui um caráter universal e a-histórico, o que contesta a tese freudiana sobre a existência de línguas primitivas.
This article intends to make clear some given aspects of Benveniste´s structuralist interpretation about freudian linguistic reasoning, mainly in his text Opposite meanings of primitive words. It is put Benveniste´s text Observations about the language function in freudian discovery, proceeding a dialogue with linguistic hypothesis developed by Freud in his aforementioned text. It is pursued a link between linguistic and psychoanalytic fields, searching Freud´s notion of primitive language and comparing it with Structural Linguistic assumptions supported by Benveniste. The approach is strictly theoric, in order to enlighten the divergences between language reasoning in Freud and Benveniste. In order to achieve this aim, it is searched Freud´s examination about the negation, putting in touch with Benveniste´s examinations about linguist Carl Abel, a strong linguistic influence on Freud´s work, mainly in his text Opposite meanings of primitive words. As a conclusion, it becomes possible to assert that, as being a system and a structure, language has an universal and non-historical quality, which refutes the freudian thesis concerning the existence of primitive languages.