Resumo Introdução É tarefa do terapeuta ocupacional desenvolver ações técnicas, políticas e éticas que buscam dirimir o sofrimento e isolamento de diferentes sujeitos e grupos, especificamente aqueles historicamente subalternizados. Neste artigo, voltamo-nos para as dissidências de gênero e sexualidade, noção que pretende abarcar os sujeitos para além das categorias identitárias (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, entre outras). Objetivos Apresentar um panorama das práticas de terapeutas ocupacionais com a população dissidente de gêneros e sexualidades no Brasil. Método Divulgamos um formulário on-line, utilizando a amostragem por bola de neve. Iniciamos o convite à participação nos valendo de informantes sementes, entidades profissionais e redes sociais. Para a organização, análise e discussão dos dados, lançamos mão de estatística simples, além dos postulados da terapia ocupacional social, estudos queer e ciência ocupacional crítica. Resultados Foram analisadas 95 respostas. Os informantes relataram diferentes motivos para o envolvimento com a temática, desde afinidades pessoais/familiares até necessidades com as quais se defrontaram no campo de intervenção. Reunimos uma diversidade de práticas, desenvolvidas a partir de diferentes abordagens e nas variadas áreas de atuação profissional, que foram agrupadas em quatro eixos: atendimentos individuais, atendimentos em grupo, atividades acadêmicas e articulação de rede. Quanto aos referenciais teórico-metodológicos que subsidiaram a ação, a menção foi restrita, tanto sobre estudos de gêneros e sexualidades quanto sobre a terapia ocupacional. Conclusão Ainda que atestada a contribuição para a população dissidente de gêneros e sexualidades, não identificamos práticas aventadas exclusivamente para essa população ou temática. Terapeutas ocupacionais utilizam recursos estabelecidos no núcleo profissional e da formação geral.
Abstract Introduction Occupational therapists are tasked with developing technical, political, and ethical actions that address the suffering and isolation of diverse groups, particularly those historically marginalized. This study focuses on gender and sexual dissidences – a term encompassing individuals who exist beyond or outside of identity categories (such as lesbians, gays, bisexuals, transgenders, among others). Objectives To present an overview of the practices of occupational therapists in Brazil with the population who experience dissidence of gender and sexuality. Method Data were collected through an online survey using snowball sampling, initially reaching out to seed informants, professional entities, and social media networks. Data organization, analysis, and discussion were conducted using descriptive statistics, supplemented by the theoretical background of social occupational therapy, queer studies, and critical occupational science. Results Ninety-five responses were analyzed, with informants reporting various motivations for their involvement with the topic, including personal and familial affinities and needs encountered within their professional contexts. A wide array of practices emerged, developed from distinct approaches across various professional domains. These were grouped into four main categories: individual consultations, group consultations, academic activities, and network articulation. Despite the relevance of theoretical-methodological frameworks, informants infrequently mentioned studies specifically addressing gender, sexuality, or occupational therapy in their responses. Conclusion While contributions to the population who experience dissidence of gender and sexuality were noted, we identified no practices explicitly tailored to these populations or themes. Occupational therapists predominantly employ resources aligned with their core professional training and general education.