Este trabalho pretende fazer uma abordagem da obra de Edward Said capaz de aportar contribuições teóricas para o campo da Política Internacional. Para além de uma atualização do conceito de imperialismo, central em sua obra, quatro outros temas tratados por ele nos interessam aqui diretamente: o primeiro é o presente poder hegemônico exercido pelo governo dos Estados Unidos desde o fim da Segunda Guerra Mundial e que nos interpela sobre os desafios de uma interdependência transnacional, sobre a construção de uma ordem mundial efetivamente democrática. O segundo tema é a questão nacional, quando o autor aponta os riscos de uma consciência nacional despreparada ou ainda desvirtuada após as lutas de independência e libertação. O terceiro é a sua revolta com os estereótipos e preconceitos contra a civilização árabe-muçulmana, também vinculada à ignorância ocidental sobre esta cultura, sobre suas contribuições. Em quarto lugar, a visibilidade que dá à contribuição intelectual periférica de autores como Eqbal Ahmad (paquistanês), Ngugi Wa Thongo (queniano), Ali Shariat (iraniano), Wole Soyinka (nigeriano), C. L. R. James (de Trinidad-Tobago), Faiz Ahmada Faiz (paquistanês), José Martí (cubano), Ranajit Guha (indiano), Aimé Césaire (martiniquenho), entre outros.
This paper intends to present an approach to Edward Said's work and to give some light to his unexpected theoretical contributions for International Politics. Beyond the effort of updating the concept of imperialism, central in his premises, five others themes among his books interest us directly. The first one is the present hegemonic power exerted by the USA government since the Second World War, that interrogates us about the possibilities to build an effectively democratic world order. The second is about the national question, where the author points out the risks of an unprepared national conscience or still depreciated after the fights for independence and liberation. The third is his anger against the stereotypes and prejudices to the Arab-Muslim civilization, also linked to the occidental ignorance about their culture. Fourth, the visibility that he gives to the colonial and post-colonial intellectual contributions, from authors as Eqbal Ahmad (Pakistan), Ngugi Wa Thongo (Kenya), Ali Shariat (Iran), Wole Soyinka (Nigeria), C. L. R. James (Trinidad-Tobago), José Martí (Cuba), Ranajit Guha (India), among others.