RESUMO Introdução Atualmente, somente a hipóxia neonatal grave (evidenciada pelo valor do Apgar) é considerada risco para a deficiência auditiva. A hipóxia é uma das causas mais comuns de lesão e morte celular. Nos casos de hipóxia leve ou moderada, embora menor, a privação da oxigenação está presente e, dessa forma, algum dano ao sistema auditivo pode ocorrer. Objetivo Investigar as amplitudes das emissões otoacústicas em recém-nascidos a termo sem risco para deficiência auditiva que apresentaram hipóxia leve ou moderada. Métodos Foram selecionados 37 recém-nascidos de ambos os sexos, divididos em dois grupos: 25 do grupo controle, formado por recém-nascidos sem hipóxia, e 12 do grupo estudo, formado por recém-nascidos com hipóxia leve ou moderada. Resultados Foram pesquisadas as EOAT e EOAPD em ambos os grupos e comparados os seus resultados. Nas EOAPD foram encontradas diferenças estatísticas entre as amplitudes nas frequências 1.000, 2.800, 4.000 e 6.000 Hz. Nas EOAT foram encontradas diferenças estatísticas nas bandas de frequência de 1.000, 1.400, 2.000, 2.800 e 4.000 Hz, sendo as EOA do grupo estudo menores que as do grupo controle. Conclusão Embora a ocorrência de hipóxia neonatal leve e moderada não seja considerada risco para perda auditiva, a mínima privação do oxigênio durante o momento de hipóxia neonatal parece interferir no funcionamento das células ciliadas externas e, consequentemente, no nível de respostas das emissões otoacústicas. Dessa forma, faz-se necessário o acompanhamento longitudinal desses lactentes, a fim de identificar o possível impacto desses resultados na aquisição de linguagem e, futuramente, no desempenho escolar.
ABSTRACT Introduction Severe neonatal hypoxia (as evidenced by the Apgar value) is currently considered the only risk for hearing loss. Hypoxia is one of the most common causes of injury and cell death. The deprivation of oxygen in mild or moderate cases of hypoxia, although smaller, occurs and could cause damage to the auditory system. Objective To investigate the amplitude of otoacoustic emissions in neonates at term with mild to moderate hypoxia and no risk for hearing loss. Methods We evaluated 37 newborns, divided into two groups: a control group of 25 newborns without hypoxia and a study group of 12 newborns with mild to moderate hypoxia. TEOAE and DPOAE were investigated in both groups. Results The differences between groups were statistically significant in the amplitude of DPOAE at the frequencies of 1000, 2800, 4000 and 6000 Hz. In TEOAE, statistically significant differences were found in all tested frequency bands. OAE of the study group were lower than those in the control group. Conclusion Although the occurrence of mild and moderate neonatal hypoxia is not considered a risk factor for hearing loss, deprivation of minimum oxygen during neonatal hypoxia seems to interfere in the functioning of the outer hair cells and, consequently, alter the response level of otoacoustic emissions. Thus, hese children need longitudinal follow-up in order to identify the possible impact of these results on language acquisition and future academic performance.