RESUMO O objetivo deste trabalho foi efetuar um estudo etnobotânico com ênfase em espécies de restinga, um ambiente frágil e ameaçado pela expansão urbana. O estudo foi realizado na comunidade do Pântano do Sul (Florianópolis, SC, Brasil), bairro com traços da cultura açoriana trazida por imigrantes das ilhas dos Açores durante o século 18. Foram utilizadas duas metodologias: entrevistas através de check list e entrevistas com informantes-chave em turnês guiadas. Na primeira foram realizadas 43 entrevistas com moradores selecionados ao acaso, compreendendo cerca de 20% das residências do bairro, sendo entrevistado um morador por residência, nas quais foram efetuadas perguntas sobre o conhecimento sobre 10 espécies previamente selecionadas. A segunda foi realizada através de listagem livre de espécies, percorrendo-se uma trilha na restinga, com cinco entrevistados separadamente; foram relacionados 69 nomes populares, 47 gêneros e 39 espécies identificadas, distribuídas em 31 famílias. As três categorias de uso mais citadas nas duas metodologias foram: medicinal, seguida por alimentar e artesanal. Verificou-se que a comunidade tem conhecimento sobre a utilização das plantas de restinga e que este conhecimento está concentrado principalmente entre as pessoas mais idosas.
ABSTRACT This paper aims the study of the ethnobotany of 'restinga' species, a coastal sand dune vegetation endangered by urban expansion. The studied area was the Pântano do Sul community (Florianópolis, SC, Brazil), which was influenced by Azorean immigrants who settled down in the 18th century. Two methods have been used: checklist interviews, and key informer interviews during restinga trails. In the the first one, there were 43 randomly selected inhabitants (about 20% of the area residences). One inhabitant per residence was interviewed regarding knowledge on 10 previously selected species. The second one involved a free listing of known species, during a 'restinga' trail with 5 selected interviewees; they reported 69 popular names, 47 genera, and 39 identified species, distributed in 31 families. The three most cited used categories in both methods were for medicinal, feeding, and handicraft purposes. This research found that this community has knowledge on restinga plant use, mostly among the community elders.