OBJETIVO: Avaliar os aspectos epidemiológicos e clínicos de pacientes ginecológicas atendidas nas redes privada e pública de saúde. MÉTODOS: Estudo de corte transversal, no qual foram estudados prontuários de 243 pacientes (122 pacientes no serviço público e 121 no privado), de janeiro de 2007 a janeiro de 2008. Excluíram-se os prontuários de pacientes grávidas, com sangramento genital, histórico de uso de cremes ou géis vaginais em intervalos inferiores há 15 dias e pacientes que tiveram relação sexual em prazo inferior a cinco dias da consulta avaliada. A análise dos dados foi realizada com recursos de processamento estatístico do software Stata, versão 9.2, considerando-se o nível de significância de 5%. RESULTADOS: A média de idade das pacientes foi de 27±12 anos entre pacientes da rede pública, e de 25,9±10,4 anos na rede particular, não havendo diferença estatística entre estas médias (F=0,5 e p=0,4). As pacientes da rede pública apresentaram escolaridade mais baixa (p<0,001), eram preferencialmente do lar (p<0,001), iniciaram vida sexual mais precocemente, tiveram maior número de parceiros (p<0,001), de gestações (p<0,001) e de partos (p=0,004) e utilizavam principalmente a camisinha como método contraceptivo (p=0,013). Não houve diferença estatística em relação aos antecedentes de doenças sexualmente transmissíveis, ao diagnóstico de candidíase, vaginose bacteriana, tricomoníase ou neoplasia. CONCLUSÕES: As pacientes da rede pública de saúde apresentam maior número de gestações e partos. São, em geral, donas de casa, com baixa escolaridade, iniciam vida sexual mais precocemente e com maior número de parceiros. Entretanto, não houve diferença entre os grupos quando se avaliaram doenças mamárias, infecções ginecológicas ou neoplasias de colo uterino, o que sugere que o nível socioeconômico não é o único elemento no determinismo da doença e, por isso, outras variáveis devem ser avaliadas.
PURPOSE: To evaluate the epidemiological and clinical aspects of gynecological patients seeking care in the private and public health networks. METHODS: In this cross-sectional study we analyzed the records of 243 patients (122 public service patients and 121 private service ones), from January 2007 to January 2008. We excluded records of pregnant patients with vaginal bleeding, history of using vaginal creams or gels at intervals of less than 15 days and patients who had sexual intercourse within less than five days before their visit and with incomplete clinical data. Data were analyzed statistically using the Stata software, version 9.2, with a 5% level of significance. RESULTS: The mean age of the patients attending the public health service was 27±12 years-old and 25.9±10.4 years-old for patients attending the private health service, with no statistical difference between means (F=0.5 and p=0.4). Patients attending the public health service had lower education (p<0.001), they were preferentially housewives (p<0.001), began sexual life early, had a greater number of partners (p<0.001), of pregnancies (p<0.001) and of deliveries (p=0.004), and mainly used the condom as a contraceptive method (p=0.013). There was no statistical difference between groups regarding the history of sexual transmitted diseases, diagnosis of candidiasis, bacterial vaginosis, trichomoniasis, or neoplasia. CONCLUSIONS: Patients attending the public health service have a higher number of pregnancies and births. They are usually housewives with low educational level, their sex life begins early, and they have more partners. However, there was no difference between groups when evaluating breast diseases, gynecological infections, or cancer of the cervix, which suggests that socioeconomic status is not the only element in the determination of the disease and, therefore, other variables should be evaluated.