Resumo O Mercosul passou por fases distintas, levando à articulação entre uma miríade de setores, grupos e atores, entre os quais se destacam os governos subnacionais. Os governos locais iniciaram este movimento em 1995 com a fundação da Rede de Cidades do Mercosul (Mercocidades). Em 2000, foi criada a Reunião Especializada de Municípios e Intendências (REMI), substituída nos anos seguintes pelo Foro Consultivo de Municípios, Estados Federados, Províncias e Departamentos do Mercosul (FCCR), conhecido por ser o canal de representação subnacional no bloco. Com base em análise bibliográfica e documental, além de entrevistas e questionários, este artigo visa analisar a internacionalização e a inclusão de atores subnacionais no Mercosul, focalizando principalmente as mudanças observadas dentro destas três instituições subnacionais ao longo dos anos. A primeira seção apresenta a literatura sobre paradiplomacia e trata especificamente do Mercosul, procurando verificar como a agenda regional foi ampliada, mas os processos de tomada de decisão não foram descentralizados. A segunda e terceira seções analisam as origens da integração subnacional através das Mercocidades, juntamente com o desenvolvimento da REMI e do FCCR. Considerando as especificidades históricas e institucionais do Mercosul, a pesquisa conclui questionando a argumentação da literatura de Relações Internacionais de que os blocos regionais são arenas potenciais para uma efetiva internacionalização dos governos subnacionais.
Abstract Mercosur has gone through distinct phases, leading to the articulation between a myriad of sectors, groups, and actors, among which subnational governments stand out. Local governments started this movement in 1995, with the foundation of the Mercosur Cities Network. In 2000, the Specialized Meeting of Municipalities and Intendencies (REMI) was created, replaced in the following years by the Mercosur Advisory Forum of Municipalities, States, Provinces, and Departments (FCCR), known for being the channel for subnational representation in the bloc. Drawing on bibliographic and document analysis, in addition to interviews and questionnaires, this article aims to analyze the internationalization and inclusion of subnational actors in Mercosur, mainly focusing on the changes observed over the years within these three institutions. The first section introduces the literature on paradiplomacy and deals specifically with Mercosur, seeking to verify how the regional agenda has been expanded, despite decision-making processes not being decentralized. The second and third sections analyse the origins of subnational integration through Mercocities alongside the development of REMI and FCCR. Considering the historical and institutional specificities of Mercosur, the research concludes by questioning the assumption of International Relations literature that regional blocs are potential arenas for effective internationalization of subnational governments.