RESUMO Contexto As neoplasias neuroendócrinas são extremamente raras e representam 0,4% a 2% de todas as neoplasias malignas do esôfago. A determinação prognóstica e avaliação de sobrevida para o tipo histológico neuroendócrino é pouco debatida. Este estudo teve como objetivo comparar as taxas de sobrevida de neoplasias neuroendócrinas primárias comparadas com adenocarcinoma e carcinoma espinocelular de esôfago. Métodos Este é um estudo coorte retrospectivo do banco de dados do Surveillance, Epidemiology, and End Results Program. A sobrevida global e a sobrevida específica do câncer foram avaliadas com curvas de Kaplan-Meier e testes de logrank. Modelos de regressão de Cox proporcional foram utilizados para avaliar as variáveis relacionadas à sobrevida global. Resultados Após critérios de elegibilidade, foram selecionados 66,528 pacientes. O seguimento médio foi de 22,6 meses (DP 35,6). O adenocarcinoma foi predominante (62%), seguido pelo carcinoma espinocelular (36%). Carcinoma de grandes células, carcinoma de pequenas células e carcinoma adenoneuroendócrino misto representam menos de 1% cada. Na análise de sobrevida global, o adenocarcinoma de esôfago apresentou um prognóstico melhor do que todos os outros tipos histológicos (P valor para teste de logrank < 0,001). Com adenocarcinoma como referência, HR foi de 1,32 para carcinoma de grandes células (IC95% 1,2 a 1,45) e 1,37 para carcinoma de pequenas células (IC95% 1,23 a 1,53). O HR foi de 1,22 para carcinoma espinocelular (IC95%: 1,2 a 1,24); e 1,3 para carcinoma adenoneuroendócrino (IC95% 1,01 a 1,66). Para a análise multivariada da regressão de Cox, além da idade e do estadiamento, os subtipos neuroendócrinos carcinoma de grandes células e carcinoma de pequenas células foram considerados variáveis prognósticas independentes. Conclusão No esôfago, o carcinoma de grandes células e o carcinoma de pequenas células apresentam menores taxas de sobrevida a longo prazo do que o carcinoma espinocelular e o adenocarcinoma.
ABSTRACT Background Neuroendocrine neoplasms are extremely rare and account for 0.4% to 2% of all malignant esophageal neoplasms. The burden of the neuroendocrine histological type on the patients’ prognosis and survival is poorly debated. This study aimed to compare the survival rates of primary neuroendocrine neoplasms compared with adenocarcinoma and squamous cell carcinoma of the esophagus. Methods This is a retrospective cohort from the Surveillance, Epidemiology, and End Results Program database. Overall survival and cancer-specific survival were evaluated with Kaplan-Meier curves and logrank tests. Proportional Cox regression models were used to evaluate variables related to overall survival. Results After eligibility criteria, 66,528 patients were selected. The mean follow-up was 22.6 months (SD 35.6). Adenocarcinoma was predominant (62%), followed by squamous cell carcinoma (36%). Large cell carcinoma, small cell carcinoma, and mixed adenoneuroendocrine carcinoma each account for less than 1% each. On the long-term overall survival analysis, esophageal adenocarcinoma showed a better prognosis than all the other histologic types (P-value for logrank test <0.001). With adenocarcinoma as a reference, HR was 1.32 for large cell carcinoma (95%CI 1.2 to 1.45) and 1.37 for small cell carcinoma (95%CI 1.23 to 1.53). The HR was 1.22 for squamous cell carcinoma (95%CI: 1.2 to 1.24); and 1.3 for adenoneuroendocrine carcinoma (95%CI 1.01 to 1.66). For multivariate Cox regression analysis, besides age and stage, the neuroendocrine subtypes large cell carcinoma and small cell carcinoma were considered independent prognostic variables. Conclusion In the esophagus, large cell carcinoma and small cell carcinoma show poorer long-term survival rates than squamous cell carcinoma and adenocarcinoma.