Proponho, neste artigo, o conceito de latência para a compreensão da experiência histórica, nos anos imediatamente posteriores ao fim da II Guerra Mundial. Para recuperá-la, analiso fotografias, cartões postais, anúncios, artigos de jornais, textos ficcionais e não ficcionais, memórias pessoais, entre outros. A leitura destas fontes possibilita pensar que, pelo menos desde o fim da guerra, se anunciava um "clima" (stimmung) de latência, isto é, a impressão de que algo intangível estava presente e que conformava o momento histórico. Minha hipótese é que essa transformação na construção social do tempo, implicando uma nova temporalidade, ainda permanece nas culturas ocidentais, neste início do século XXI.
In this article, I propose the concept of latency for the understanding of historical experience in the years immediately after the end of World War II. In order to recover it, I analyze photographs, postcards, ads, newspaper articles, fictional and non-fictional texts, personal memories, among others. Reading these documentary sources it is possible to think that, at least since the end of the war, there were signs of the latency "atmosphere" (stimmung), that is, the impression that something intangible was present and that it conformed the historical moment. My hypothesis is that this transformation in the social construction of time, implying a new temporality, still exists in western cultures now, in the beginning of the 21st century.