A agrobiodiversidade é a parcela da biodiversidade constituída por um conjunto de organismos e ecossistemas que apresentam fortes relações com os seres humanos, podendo ser domesticados, semidomesticados, cultivados ou manejados pelo homem. Essa diversidade, conservada há séculos pelo uso (conservação in situ ou conservação on farm) pelos pequenos agricultores em todas as regiões do planeta, encontra-se ameaçada. De um lado, a agricultura industrial ou química através de suas práticas, ricas em insumos químicos, provoca muitas externalidades negativas, até recentemente pouco consideradas. De outro lado, as mudanças climáticas, igualmente, produzem efeitos adversos à diversidade genética. No entanto, as preocupações com a produção de alimentos de alta qualidade biológica em sistemas agrícolas sustentáveis remontam ainda o início do século XX. Dentre os vários sistemas agrícolas sustentáveis ou alternativos, a agroecologia apresenta vários atributos favoráveis: não faz uso de insumos químicos, é sustentável em todas as suas dimensões, faz uso de grande diversidade genética no cultivo, é socioeconômico-associada, estimula as relações de vizinhança e produz alimentos com alta qualidade biológica e nutricional. No âmbito da agroecologia e não da agricultura industrial ou química, há inúmeras oportunidades para a C&T desenvolver pesquisas participativas, contextualizadas, que podem empoderar tanto a agricultura familiar quanto as comunidades tradicionais no aperfeiçoamento dos processos e princípios agroecológicos utilizados. Assim, muitas das externalidades negativas atualmente inadmissíveis poderiam ser evitadas.
Agrobiodiversity is the portion of biodiversity consisting of a set of organisms and ecosystems that has strong relationships with humans, being domesticated, semi-domesticated, cultivated or managed by human beings. This diversity, which has been preserved by the practices (in situ on-farm conservation) of smallholder farmers in all regions of the world, is under threat. On one hand, industrial or chemical agriculture, because their practices are rich in external chemical inputs, causes many negative externalities that have not been considered much until recently. On the other hand, climate changes also produce adverse effects on the genetic diversity. However, since the beginning of the twentieth century concerns about the production of high quality organic foods in sustainable agricultural systems have been affirmed. Among several alternative or sustainable farming systems, agroecology comes with many favorable features: it makes no use of agrochemicals, it is environmentally sustainable, it makes use of high genetic diversity in cropping, it is socio-economically associated, it stimulates neighborhood relations, and it has food products of high biological quality. In the context of agroecology, but not in industrial or chemical agriculture, there are numerous opportunities for science and technology to develop participatory research, contextualized, that can empower family farming as well traditional communities in improving agroecological principles and processes. Thus, many of the currently unacceptable negative externalities could be avoided.