Resumo Frutos apresentam uma grande variedade de características morfológicas e fenológicas que têm sido relacionadas às condições do ambiente e ao modo de dispersão de sementes. Neste trabalho, descrevemos a morfologia dos frutos, a fenologia de frutificação e inferimos padrões de dispersão de 52 espécies da restinga de Maricá, Rio de Janeiro, no sentido de compreender a riqueza e a variação temporal desses recursos na comunidade. Frutos carnosos, indeiscentes e coloridos, típicos de zoocoria, predominam na restinga (77,8%). Frutos anemocóricos representam 13,3%. Em 42% das espécies zoocóricas, os frutos passam por três a cinco cores até a maturação, e diferentes estádios de maturação podem ser observados na mesma planta. Um fornecimento constante de frutos zoocóricos e anemocóricos foi observado ao longo do ano. Diferentemente da floração, não houve correlações significativas entre percentuais de atividade e de intensidade de frutificação e os fatores abióticos. Para a comunidade estudada, o padrão de frutificação observado também contrasta com o da floração, pela menor sazonalidade e intensidade dos eventos, sugerindo que fatores bióticos, como dispersores de sementes (no caso de frutos zoocóricos) podem ter relevância na determinação dos períodos de maturação dos frutos e de dispersão de sementes em ambientes costeiros.
Abstract Fruits have a wide variety of morphological and phenological characteristics that have been related to environmental conditions and seed dispersal mode. In this paper, we describe the fruit morphology, the fruiting phenology and infer dispersal patterns of 52 species from restinga of Maricá, Rio de Janeiro, in order to understand the richness and temporal variation of these resources in the community. Fleshy, indehiscent, and colored fruits, typical of zoochory, predominate in the restinga (77.8%). Anemochoric fruits represent 13.3%. In 42% of zoochoric species, fruits go through three to five colors until maturity, and different stages of ripeness can be observed on the same plant. A constant supply of zoochoric and anemochoric fruits was observed throughout the year. Unlike flowering, there were no significant correlations between fruiting activity and intensity and abiotic factors. For the community studied, the fruiting pattern observed also contrasts with flowering, due to the lower seasonality, and intensity suggesting that biotic factors, such as seed dispersers (in the case of zoochoric fruits) may have relevance in determining fruit ripening and seed dispersal periods in coastal environments.