Sintomas sugestivos do comprometimento do tubo digestivo são comuns em pacientes diabéticos, mas estudos comparando as freqüências destes sintomas com as da população geral são escassos e não existem trabalhos dessa natureza com diabéticos brasileiros. OBJETIVO: Determinar as freqüências de diferentes sintomas digestivos em amostra não selecionada de pacientes diabéticos, em comparação às encontradas em pessoas da comunidade. MÉTODOS: A ocorrência de 13 diferentes sintomas digestivos foi investigada por meio da aplicação de um questionário padronizado, especificamente estruturado, em 153 diabéticos dos tipos 1 e 2 e em 50 pessoas aparentemente sadias, tomadas como controles. RESULTADOS: A freqüência de diabéticos com pelo menos um sintoma digestivo foi significativamente superior à verificada no grupo controle (70% vs 36%, p = 0,01). Freqüências elevadas de plenitude gástrica (30% vs 36%), pirose (30% vs 34%) e de constipação (17% vs 12%), foram observadas tanto entre os diabéticos como nos controles. No entanto, somente a freqüência de um único sintoma, a disfagia, foi significativamente maior entre os diabéticos, em relação ao grupo controle (13% vs 2%, p = 0,02). CONCLUSÃO: Estes resultados indicam que a freqüência de sintomas digestivos em diabéticos, apesar de elevada, não difere da verificada na população geral, exceto para a disfagia. As freqüências dos diferentes sintomas estiveram próximas das faixas relatadas em estudos do hemisfério Norte, o que não apóia a hipótese de que fatores inerentes ao meio afetam a ocorrência de queixas digestivas em diabéticos.
PURPOSE: To determine the frequencies of digestive symptoms in an unselected sample of Brazilian diabetics, in comparison to those verified in the general population. METHODS: The frequencies of 13 digestive symptoms were determined in 153 type 1 and type 2 diabetics and in 50 apparently healthy controls, utilizing a structured, standardized questionnaire. RESULTS: The percentage of diabetics with at least one symptom was significantly higher than in controls (70% vs 36%, p = 0.01). Higher frequencies of upper digestive symptoms, such as postprandial epigastric fullness (30% vs 35%), heartburn (30% vs 34%), as well as constipation (17% vs 12%) were observed in both groups. Nevertheless, only the prevalence of dysphagia (13% vs 2%) was significantly increased (p = 0.02) in diabetics. CONCLUSION: These findings indicate that gastrointestinal symptoms are common in diabetics, but this seems also to be the case in the general population, with the exception of dysphagia. The frequencies of symptoms observed in Brazil were similar to those reported in studies from the North Hemisphere, a finding that does not support the hypothesis that external factors may influence the prevalence of gastrointestinal symptoms in diabetics.