A relação de Sophie Calle com dois textos ficcionais, de autoria de Hervé Guibert e Paul Auster, permite discutir um ponto central de sua poética: a atuação como performer, colocada por alguns críticos sob o signo do situacionismo. Como suas performances envolvem uma narrativa, foram analisados seus aspectos fotográficos e verbais, tendo como epicentro Suíte veneziana (1980). Qual o papel da fotografia nas narrativas de Calle, nas quais ela é personagem de si mesma? A fotografia é vestígio de acontecimentos reais e seu aspecto documental corrobora a neutralidade dos relatos escritos. É, ao mesmo tempo, fruto de um gesto performático, o qual, ao designar determinados fatos, converte a realidade em imagem.
Sophie Calle's relation to two fictional texts, by Hervé Guibert and Paul Auster, allows us to discuss a central issue in her poetics: the acting as a performer, set by some critics under the sign of Situationism. As her performances comprise a narrative, both their verbal and photographic aspects were analyzed, taking as an epicenter the Venetian suite (1980). What role does photography play in Calle's narratives, in which she is a character of herself? Photography is a trace of real happenings and its documental aspect supports the neutrality of written reports. It is, at the same time, the result of a performative gesture, which, while designating certain facts, converts reality into image.