Resumo Os benefícios do consumo da uva já são amplamente reconhecidos e devem-se em grande parte aos compostos fenólicos. Esses efeitos benéficos irão depender da bioacessibilidade desses compostos na uva e em seus derivados. Foram elaboradas duas formulações de preparado de uva Isabel: PAX (com agave e xilitol) e PS (com sacarose); e duas formulações de farinha de uva Isabel: FAX (a partir do resíduo do processamento do PAX) e FS (a partir do resíduo do processamento do PS). Os produtos foram analisados quanto às suas propriedades nutricionais e antioxidantes, e a bioacessibilidade de seus compostos fenólicos foi verificada por meio de um modelo de digestão simulada. O preparado e a farinha apresentaram níveis relevantes de açúcares (10,83-49,71 g 100 g-1), sendo que aqueles produzidos com adoçantes naturais tiveram uma redução na concentração dos açúcares de 51% e 29% para o preparado e a farinha, respectivamente, em comparação com formulações com sacarose, destacando-se também o alto teor de fibras na farinha (20,14-21,95 g 100 g-1). A catequina (2,37-28,11 mg 100 g-1) foi o composto mais bioacessível (22% a 168%), que juntamente com o ácido caftárico (2,31-69,43 mg 100 g-1) e o malvidina 3-glicosídeo (8,65-16,47 mg 100 g-1) representam os compostos observados em maior quantidade. O preparado teve maior bioacessibilidade tanto em relação à uva quanto à farinha para a maioria dos compostos fenólicos. Além disso, os produtos elaborados apresentaram maiores valores de antocianinas e atividade antioxidante que a uva in natura, destacando o efeito benéfico do processamento da uva.
Abstract The benefits of grape consumption are widely recognized and mostly due to phenolic compounds. These beneficial effects will depend on the bioaccessibility of these compounds on grape and its derivatives. This study elaborated two formulations of Isabel grape preparation: PAX (with agave and xylitol) and PS (with sucrose); and two formulations of Isabel grape flour: FAX (from the PAX process residues) and the FS (from the PS process residues). The products were analyzed regarding their nutritional and antioxidant properties; their phenolic compounds’ bioaccessibility was also verified through a simulated digestion model. The preparation and flour exhibited relevant sugars levels (10.83-49.71 g 100 g-1). Those produced with natural sweeteners had a reduction in sugar concentration of 51% and 29% for preparation and flour, respectively, compared to formulations with sucrose, with the high fiber content in the flour is being further highlighted (20.14-21.95 g 100 g-1). The catechin (2.37-28.11 mg 100 g-1) was the most bioaccessible compound (22% to 168%), which together with the caftaric acid (2.31-69.43 mg 100 g-1) and malvidin 3-glucoside (8.65-16.47 mg 100 g-1) represent the compounds observed in greater quantity. The preparations showed higher bioaccessibility regarding grapes and flours for most of the phenolic compounds. Furthermore, the products elaborated presented higher values of anthocyanins and antioxidant activity than the in natura grape, highlighting the beneficial effect of grape processing.