A Lagoa Imboassica, localizada no Município de Macaé (RJ), é separada do mar por uma barra de areia e se encontra cercada parcialmente por áreas residenciais. Esta lagoa costeira tem sofrido intensa degradação ambiental devido à afluência de esgotos domésticos e a aberturas artificiais da barra de areia. Neste estudo foram acompanhadas, mensalmente ao longo de quatro anos, as variações temporais e espaciais de variáveis ambientais e do zooplâncton. Durante o período estudado foram realizadas cinco aberturas artificiais da barra de areia, sendo a maioria efetuada na época chuvosa. Além das alterações osmóticas, estas aberturas causaram a drenagem da água da lagoa para o mar, diminuição dos valores de nitrogênio total e aumento da concentração de fósforo total. A comunidade zooplanctônica da lagoa incluiu táxons de água doce e marinhos e formas holoplanctônicas, meroplanctônicas e nectobentônicas. Foram considerados constantes na comunidade larvas de Polychaeta, Bivalvia e Gastropoda, os táxons de Rotifera Hexarthra spp., Lecane bulla, Synchaeta bicornis e naúplios de copépodos Cyclopoida e Calanoida. Durante as amostragens espaciais ao longo de todo o corpo da lagoa em condições oligohalinas e mesohalinas foram encontradas distintas assembléias zooplanctônicas. As populações zooplanctônicas que apresentaram maior ocorrência foram aquelas aparentemente favorecidas pelo distúrbio causado pelas aberturas de barra, tais como véligers do gastrópode Heleobia australis, ou capazes de recuperação rápida após o fechamento da barra de areia, durante a transição de um ambiente marinho para um oligohalino, como Hexarthra spp.. Tais populações se mostraram bem adaptadas às condições de "stress" usualmente encontradas na lagoa devido a mudanças osmóticas, mistura da coluna d'água, aporte contínuo de nutrientes e alta pressão de predação por peixes. As espécies consideradas como raras na comunidade zooplanctônica, como Moina minuta apresentaram maiores densidades ao longo de toda a lagoa em condições oligohalinas.
The Imboassica lagoon, located in the Municipality of Macaé (RJ), is separated from the sea by a sand bar, and its surroundings are partially occupied by residential areas. This coastal lagoon has undergone environmental degradation due to sewage input and artificial sand bar openings. The temporal and spatial variation of environmental variables and zooplankton were studied monthly for four years. There were five artificial openings of the sand bar during the period of study, mostly in the rainy season. Besides osmotic changes, these events caused the drainage of the water of the lagoon into the sea, loss of total organic nitrogen, and an increase of total phosphorus. The zooplankton community of Imboassica lagoon included freshwater and marine taxa, holoplanktonic, meroplanktonic and nectobenthonic forms. Polychaeta, Bivalvia and Gastropoda larvae, and the taxa of Rotifera Hexarthra spp., Lecane bulla, Synchaeta bicornis, nauplii of Cyclopoida and Calanoida copepods were considered constant taxa. Distinct zooplankton assemblages were found during zooplankton spatial surveys in oligohaline and mesohaline conditions. The successful zooplankton populations were either favored by the disturbance of the sand bar opening, such as the veligers of the gastropod Heleobia australis, or capable of fast recovery after the closing of the sand bar, during the succession from a marine into an oligohaline environment, such as Hexarthra spp.. Such populations seemed well adapted to the stress conditions usually found in the lagoon due to osmotic changes, column mixing, nutrient input, and high fish predation pressure. Rare species in the community, such as Moina minuta, presented population increases all over the lagoon under oligohaline conditions.