Resumo Poucos reúnem grandeza intelectual, humildade genuína e uma profunda coerência entre o que escreve e pratica, como ele. Paul Singer não apenas refletiu sobre as violências do mundo do trabalho, como se dedicou a fazê-lo junto de trabalhadores, ombro a ombro, anos a fio. Ao seu estilo, como um igual, dando o mesmo valor a cada fala e pessoa. Nesse processo, ajudou a construir um dos mais bonitos movimentos de resistência brasileiros, um projeto de emancipação com vistas a enfrentar essas violências, a Economia Solidária. A entrevista foi realizada para o projeto “Vozes da Economia Solidária: narrativas de resistência no mundo do trabalho”, que teve por objetivos compreender as origens da Economia Solidária brasileira a partir da perspectiva de seus pioneiros/as. Nela, Paul Singer rememora a migração para o Brasil, a juventude na São Paulo do pós-guerra - período de sua participação no movimento sionista - quando surgiram a inspiração para o trabalho como professor e a decisão de ficar e lutar pelo socialismo no Brasil. Logo, ele fala sobre sua relação com o movimento sindical, vivida como operário, e de sua participação na icônica Greve dos 300 mil, cuja comissão de salários compôs, experiência que representou uma das fontes de seu interesse pela economia. De seu percurso militante, ele destaca ainda a aproximação com os socialistas cristãos e com os fenômenos que mais tarde viria a nomear de Economia Solidária que, para ele, deve ser entendida como um fenômeno indissociável da luta de classes.
Abstract Few people combine intellectual greatness, genuine humility and a deep coherence between what they write and do as Paul Singer. He not only reflected upon violence in the world of work, but also did it side by side with the workers themselves, shoulder to shoulder, for many years. In his own way, as one among many, listening to each one speak and considering each person as an equal. Throughout this process, he helped to build one of the most beautiful Brazilian resistance movements, an emancipatory project that sought to confront this violence: the Solidarity Economy. This interview was conducted for the project “Voices of the Solidarity Economy: narratives of resistance in the world of work”, which aims to comprehend the origins of the Brazilian Solidarity Economy from the perspective of its pioneers. In this interview, Paul Singer recalls his migration to Brazil and his post-war youth in the city of São Paulo - the period of his participation in the Zionist movement - when he was inspired to work as a teacher and decided to stay and fight for socialism in Brazil. Right after that, he talks about his relationship with the Union movement from the standpoint of a blue-collar worker, and his participation in the iconic Strike of the 300,000, in which he joined the strike’s salary committee, an experience which was quite significant for his later interest in Economics. From his militant trajectory, he highlights how he became close to Brazilian Christian socialists and to the phenomena he would later call Solidarity Economy, which, in his point of view, should be understood as an inseparable aspect of the class war.