OBJETIVOS: A velhice para alguns é uma etapa de desenvolvimento e satisfação, enquanto para outros é uma fase negativa da vida. Os determinantes da boa qualidade de vida na velhice variam de sujeito para sujeito. O objetivo do presente estudo foi identificar: 1) a prevalência de octagenários que avaliavam sua vida atual na velhice como preponderantemente de uma qualidade positiva e 2) quais aspectos eles identificavam como os determinantes desta qualidade positiva. Igual estudo em paralelo foi feito com sujeitos que avaliavam a velhice como uma experiência preponderantemente negativa. MÉTODOS: Uma amostra randômica e representativa de 35% dos idosos com mais de 80 anos residentes na comunidade foi selecionada entre os residentes em Veranópolis, Rio Grande do Sul. Um questionário semi- estruturado de qualidade de vida foi aplicado, bem como a escala de sintomas depressivos "Geriatric Depression Scale" (GDS) e o "Índice de Saúde Geral Cumulative Illness Rating Scale" (CIRS). RESULTADO: Um pouco mais da metade dos idosos estudados (57%) definia sua qualidade de vida atual com avaliações positivas, sendo que 18% tinham uma avaliação negativa da vida atual. Um grupo de 25% definia sua vida atual de forma neutra ou de dois valores (aspectos positivos e aspectos negativos). Comparados com os satisfeitos, os insatisfeitos tinham mais problemas de saúde pela CIRS e mais sintomas depressivos quando avaliados pela GDS. Os satisfeitos tinham diferentes motivos para justificar este estado, porém os insatisfeitos tinham principalmente a falta de saúde física como motivo do sofrimento. A maior fonte de bem estar no dia-a-dia citada era o envolvimento com atividades rurais ou domésticas. Entre os entrevistados, a perda da saúde física era a principal fonte de mal estar, sendo que havia variabilidade interpessoal quanto ao que cada sujeito considerava como "perda de saúde". CONCLUSÃO: É possível que para idosos, qualidade negativa de vida seja equivalente a perda de saúde e qualidade de vida positiva seja equivalente a uma pluralidade maior de categorias como atividade, renda, vida social e relação com a família, categorias diferentes de sujeito para sujeito. O aspecto saúde parece assim um bom indicador de qualidade de vida negativa, porém um indicador insuficiente de velhice bem sucedida.
OBJECTIVES: Senescence for some elderly people is a phase of with development and satisfaction, whereas for others is a negative stage of life. The determinants of a good quality of life in old age vary from person to person. The aims of this study were to identify: 1) the prevalence of octogenarian people who evaluate their current life as being mainly characterized by a positive quality and 2) which were the domains that they identified as being the determinants of this positive quality. A same parallel study was conducted with subjects who evaluated senescence as a preponderantly negative experience. METHODS: A random and representative sample of 35% of the octogenarian people, living residing in the community, was selected among the dwellers of the city of Veranópolis, state of Rio Grande do Sul. A semi-structured questionnaire on quality of life quality was applied as well as the scale of depressive symptoms Geriatric Depression Scale (GDS) and the index of general health Cumulative Illness Rating Scale (CIRS). RESULTS: Slightly more than half of the studied sample (57%) defined their current quality of life with positive evaluations, whereas 18% presented a negative evaluation of it. A group 0f 25% defined their current lives as neutral or having both values (positive and negative). Those who were dissatisfied presented more health problems according to the CIRS and more depressive symptoms when evaluated by the GDS. Satisfied subjects ones had different reasons to justify this state, however, the dissatisfied had mainly the lack of health as a reason for their suffering. The main source of reported daily well-being was the involvement with rural or domestic activities. Among the interviewed, lack of health was the main source for not presenting well-being, although there was interpersonal variability regarding what each subject considered as loss of health. CONCLUSION: Possibly, for the elderly subjects a negative quality of life is equivalent to loss of health and a positive life quality is equivalent to a greater range of categories such as activity, income, social life and relationship with the family, categories which differed from subject to subject. Therefore, health seems to be a good indicator of negative quality of life, though an insufficient indicator of successful elderliness.