Resumo: O objetivo deste estudo é analisar a noção do Ubuntu como contribuição para pensar a democracia, especialmente a crise que esta enfrenta, no Brasil, da atual realidade histórica de intolerância, discriminação racial, exclusão social e desumanização. Para isso, levanta-se a seguinte questão: pode a África contribuir para o pensamento da democracia, pela sua filosofia de vida expressa em Ubuntu? A primeira parte do texto analisa o conceito de Ubuntu, destacando seu caráter filosófico. A segunda parte desenvolve duas características estruturais do Ubuntu: a comunidade e a tolerância. A metodologia de pesquisa se caracteriza como um trabalho bibliográfico, cujo aporte é a análise filosófica da expressão Ubuntu, fundamentada no modo de vida africano, a partir das obras de Ramose: African Philosophy Through Ubuntu (2005); de Gyekye: Person and Community in African Thought (2003). Entende-se que compreender Ubuntu como um modo de vida africano, baseado na interdependência, interconstituição, interconexão e inter-humanização é cooperar para pensar a democracia como modo de vida ético, social e político, o qual reconhece e considera o(s) outro(s) como sujeito(s) de diferenças que possibilitam a humanização.
Abstract: This study aims at analysing the notion of Ubuntu as a contribution to think about democracy, especially the crisis it faces in Brazil, before the current historical reality of intolerance, racial discrimination, social exclusion, and dehumanization. For this reason, we raise the following question: can Africa contribute to think about democracy through her life’s philosophy expressed in Ubuntu? The first part of the text analyses the concept of Ubuntu, highlighting its philosophical character. The second part develops two structural characteristics of Ubuntu: community and tolerance. The research methodology is characterised as a bibliographical work, whose contribution is a philosophical analysis of the expression Ubuntu, based on the African way of life, from the works of Ramose: African Philosophy Through Ubuntu (2005); of Gyekye: Person and community in African thought (2003). We defend that understanding Ubuntu as an African way of life, based on interdependence, inter-constitution, interconnection and inter-humanisation is to contribute to think about democracy as an ethical, social and political way of life that recognises and considers the other(s) as individual(s) of differences that make humanisation possible.