Resumo A construção da intersetorialidade em Saúde do Trabalhador (ST), apesar de fundamental, tem se mostrado como um desafio para este campo de saberes e práticas. O objetivo deste artigo é apresentar e discutir como o conceito de intersetorialidade é tratado nas políticas públicas em ST - em quais contextos ele é empregado, como é definido e quais são as diretrizes para sua efetivação. Pesquisa documental de abordagem qualitativa. Analisou-se documentos promulgados entre 1986 e 2015, acessados pelas bases de dados do Ministérios da Saúde, do Trabalho e da Previdência Social, além dos sites da FUNDACENTRO e da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT). Há uma clara liderança do setor saúde nos documentos que propõem a construção de intersetorialidade. Termos como ações integradas, articulação, diálogo e integração e, finalmente, intersetorialidade, foram sendo usados ora como sinônimos, ora como avanços conceituais, expressões genéricas, polissêmicas e supostamente consensuais. Apesar da evolução do conceito intersetorialidade nas políticas da área e da participação crescente dos diferentes setores nesta construção, observa-se serem poucas as proposições claras sobre a efetivação desta prática entre gestores e entre os trabalhadores que compõem o campo.
Abstract The construction of Workers’ Health (WH) intersectoriality, while fundamental, has been a challenge for this field of knowledge and practice. This paper aims to present and discuss how intersectorality is addressed in WH public policies, in what contexts it is used, how it is defined, and the guidelines for its implementation. This is qualitative documentary research that analyzed documents enacted between 1986 and 2015, accessed through the databases of the Ministries of Health, Labor and Social Security, and the websites of FUNDACENTRO and the National Association of Occupational Medicine (ANAMT). There is clear leadership of the health sector in the documents proposing the construction of intersectoriality. Terms such as “integrated actions”, “articulation”, “dialogue”, and “integration”, and finally, “intersectoriality” were used sometimes as synonyms or conceptual advances, and generic, polysemic, and supposedly consensual expressions. Despite the developing concept of intersectoriality in the policies of this field and the growing participation of the different sectors in this construction, few clear propositions about the effectiveness of this practice among managers and workers underlying the field are observed.