RESUMO: No século XIX, a cegueira como marca original dos primórdios da poesia foi louvada ou vituperada, segundo o grau de adesão dos representantes da modernidade literária à sacralidade que até então caracterizava o poeta cego. Este foi o caso da tradução do Fausto de Goethe pelo escritor português António Feliciano de Castilho, em 1872, que deu início à polêmica conhecida como a Questão do Fausto. A contenda produziu uma memória em que estão inscritas as marcas de oralidade que condicionaram a confecção da tradução, considerada, neste texto, a partir de perspectivas que permitem evidenciar o valor do oral na ordem do discurso.
ABSTRACT: In the 19th century, as the original mark of the beginnings of poetry, blindness was praised or vituperated, depending on the degree of adherence to the sacred character of the blind poet by those who represented literary modernity. This was the case of the translation of Goethe’s Faust by the Portuguese writer António Feliciano de Castilho, in 1872, which started the controversy known as the Question of Faust. The dispute produced a memory in which are inscribed the marks of orality that conditioned the making of the translation, considered in this text from perspectives that allow to evidence the value of oral in the order of discourse.
RESUMEN: En el siglo XIX, la ceguera como marca original de los inicios de la poesía fue elogiada o vituperada, de acuerdo con el grado de adhesión de los representantes de la modernidad literaria a la sacralidad que hasta ese momento caracterizaba el poeta ciego. Este fue el caso de la traducción de Fausto de Goethe por el escritor portugués António Feliciano de Castilho, en 1872, que dio inicio a la polémica conocida como la Cuestión de Fausto. La disputa produjo una memoria en la que están inscritas las marcas de la oralidad que condicionaron la confección de la traducción, considerada, en este texto, a partir de perspectivas que permitan demostrar el valor de lo oral en el orden del discurso.