Resumo O artigo desenvolve uma discussão, a partir da leitura do poema “De volta ao sol” (2019) de Edimilson de Almeida Pereira, sobre os modos como a poesia brasileira contemporânea tem se inserido no contexto das reivindicações e problematizações em que se fundam iniciativas de descolonização epistemológica e estética na América Latina e Caribe. Tendo em vista a contribuição de estudos da antropologia e da história, bem como reflexões sobre poesia e arte, buscou-se verificar como, no poema, são acessadas e tratadas questões decorrentes da situação representada pelos mantos Tupinambá dos séculos XVI e XVII em acervos de museus europeus. Considerados os efeitos da divisão natureza e cultura, bem como seus desdobramentos, no silenciamento de existências, na apropriação de objetos, seres e povos, compreende-se que o exercício criativo da linguagem, dotado de qualidade política, pode desempenhar papel importante na desnaturalização de concepções, na afirmação da diversidade e na disputa pela memória.
Abstract This paper aims to foster a discussion, based on the reading of the poem “De volta ao sol” by Edimilson de Almeida Pereira, about the ways in which Brazilian contemporary poetry has been included in the context of revindications and problematizations on which epistemological and aesthetic decolonizing initiatives in Latin America and the Caribbean are based. Based on research findings in the fields of anthropology and history, as well as on poetry and art, we aim to verify how the poem deals with issues originating from the situations represented by the Tupinamba’s feathered capes from the 17th and 18th centuries currently exhibited in European museums. Considering the effects of the division between nature and culture, as well as its consequences in the silencing of existences, in the appropriation of objects, beings and peoples, we understand that the creative exercise of language, with its political role, can play an important part in denaturalizing conceptions, affirming diversity and fighting to reclaim memory.
Resumen Este artículo propone una discusión, a partir de la lectura del poema “De volta ao sol” (2019) de Edimilson de Almeida Pereira, sobre los modos como la poesía brasileña contemporánea se ha insertado en el contexto de las reivindicaciones y problematizaciones en las que se basan las iniciativas de la descolonización epistemológica y estética en América Latina y el Caribe. Partiendo del aporte de estudios de antropología y de historia, así como de reflexiones sobre poesía y arte, se buscó verificar cómo, en el poema, se accede y se tratan cuestiones referidas a la situación representada en los mantos Tupinambá de los siglos XVI y XVII en las colecciones de los museos europeos. Considerando los efectos de la división naturaleza y cultura, así como sus consecuencias, en el silenciamiento de existencias, en la apropiación de objetos, seres y pueblos, se entiende que el ejercicio creativo del lenguaje, en su carácter político, puede jugar un papel importante en la desnaturalización de concepciones, en la afirmación de la diversidad y en la disputa por la memoria.