Resumo A ocupação das Américas tem sido discutida cientificamente desde o século XIX, gerando uma infinidade de modelos explicativos. Por outro lado, há limitações das evidências empíricas das primeiras ocupações, causadas por problemas depreservação e pela baixa visibilidade arqueológica. Nesse aspecto, o uso de dados biológicos de populações humanas atuais e antigas tem fornecido informações cruciais para a interpretação dessas primeiras ocupações. Sob uma perspectivabioarqueológica, ou seja, através do estudo dos remanescentes biológicos humanos em contexto arqueológico, este texto sintetiza o atual entendimento sobre a rota de entrada, a data de entrada inicial, o número de migrações, a subsistência eos rituais mortuários dos primeiros americanos. Os resultados desse panorama sintético indicam que há temáticas de alto consenso (rota de entrada), de consenso intermediário (data de entrada) e de baixo consenso (número de migrações).Por outro lado, temáticas como a saúde e o modo de vida dos habitantes antigos das Américas ainda carecem de estudos mais aprofundados. Este texto ressalta a importância do conhecimento bioarqueológico para a formulação de modelosde ocupação, buscando incorporar de forma equilibrada evidências da América do Sul e do Norte.
Abstract The occupation of the Americas has been discussed scientifically since the nineteenth century, generating countless explanatory models. On the other hand, empirical evidence of the first occupations is limited because of preservationproblems and low archaeological visibility. In this regard, the use of biological data from living and ancient human populations has provided crucial information for interpreting these early occupations. From a bioarchaeological perspective (in other words, from the study of human biological remains within an archaeological context), this present study brings together current understanding on the route of entry, the date of initial entry, the number of migrations, subsistence, and mortuary rituals of the first Americans. The results of this overview indicate that there are topics with high consensus (route of entry), intermediate consensus (date of entry), and low consensus (number of migrations). Meanwhile, the health and lifestyle of the ancient inhabitants of the Americas still require further study. This text highlights the importance of bioarchaeological knowledge in formulating occupation models while incorporating evidence from both South and North America in abalanced manner.