RACIONAL: A obesidade é doença crônica e grave com crescimento alarmante em todo o mundo e de interesse na saúde pública. Existe alteração no comportamento vocal destes pacientes e ele é pouco estudado. OBJETIVO: Caracterizar prospectivamente a voz de indivíduos portadores de obesidade mórbida comparando-a com a de não obesos. MÉTODOS: Estudo prospectivo de 45 indivíduos adultos voluntários, 14 homens e 31 mulheres com idade média de 43 anos variando de 20 a 63 anos. Todos apresentavam IMC acima de 35 Kg/m2 constituindo o grupo em estudo (GO) Para cada indivíduo do GO foi selecionado também um indivíduo adulto voluntário, proveniente da população geral do ambulatório de otorrinolaringologia com IMC abaixo de 30 Kg/m2, constituindo o grupo controle (GN). Os critérios de exclusão foram diagnóstico de lesões neoplásicas malignas em cabeça e pescoço ou operações prévias da região orofaríngea. Fooram submetidos a exame laringológico e à gravação da voz. Também submeteram-se à avaliação subjetiva perceptivo-auditiva da qualidade vocal, através da escala GIRBAS e a aspereza, o estrangulamento no final das. A análise acústica foi realizada objetivamente utilizando os softwares Vox Metria versão 4.0.47 e PRAAT, fornecendo a frequência fundamenta, jitter, shimmer, ruído e tempo máximo fonatório. RESULTADOS: Observou-se que os grupos foram homogêneos em relação ao sexo, idade, tabagismo e altura, mas significativamente diferentes em relação ao peso e IMC (P<0,001). Os achados laringoscópicos em ambos os grupos mostraram que 26,7% dos obesos tinham laringoscopia alterada contra 13,3% dos não obesos. Sinais laríngeos sugestivos de RLF foram significativos para o GO (P<0,042). A análise perceptivo-auditiva revelou que o grau da disfonia, a instabilidade, a rouquidão, a soprosidade, a astenia, a tensão e a aspereza tiveram alterações altamente significantes para o GO (P=0,001 ou 002). O estrangulamento ao final das emissões, bem como a ressonância da produção vocal foi significante (P=0,001) comprometendo o GO. Na análise acústica notou-se que o jitter, shimmer, ruído e o tempo máximo fonatório apresentaram significância alta comprometendo o GO. CONCLUSÃO: A voz do indivíduo portador de obesidade mórbida apresenta alterações significantes quanto às características vocais em relação aos indivíduos não obesos, caracterizando a voz do obeso como rouca, soprosa, instável, estrangulada e com tempos máximos fonatórios reduzidos.
BACKGROUND: Obesity is a chronic disease with public health interest. Voice disturbance is common in this group. AIM: To compare the voice between the morbid obese patients with the non obese. METHODS: Prospective trial with 45 adult volunteers with 43 years old median age with BMI>35 Kg/m² as study group and a control group in the same number but with BMI<30 Kg/m². Exclusion criteria were tumor in head and neck or previous operations in oropharynx. All had laryngoscopy and voice recording. They were submitted to GIRBAS score. Acoustic analysis was done based on Vox Metria software and PRAAT. RESULTS: Laryngoscopy showed alterations in 26,7% of the obese group and 13,3% in controls. The GIRBAS score was highly significant to the obese group. Acoustic alterations were also significant in the obese group. CONCLUSION: The patients with morbid obesity have significant alterations in voice caracteristics in comparison to the ones normal in weight.