Resumo: Trata-se de uma pesquisa qualitativa sobre a transmissão geracional familiar de quatro adolescentes que cometeram violência sexual contra crianças. O texto enfoca o adolescente em uma perspectiva de interdependência dos adultos responsáveis por sua educação e sobrevivência, pois é sabido que o adolescente que comete ofensa sexual apresenta grandes conflitos em suas relações familiares. O objetivo foi aprofundar o conhecimento sobre essa realidade pouco conhecida em nosso país e tecer uma conexão com a repetição de padrões de violência na vida familiar desses adolescentes, por meio do estudo das dinâmicas familiares. O instrumento utilizado foi o genograma, construído em entrevistas com cada família. Os resultados apontam para relações familiares que reproduzem condições de pobreza da vinculação afetiva, negligência e maus-tratos, pais ausentes e mães autoritárias. A discussão enfoca o processo de transmissão geracional no sentido do cometimento de várias violências que dificultam as condições mínimas de desenvolvimento emocional de seus membros. Em consequência, esses adolescentes acabam por manter relações violentas, mesmo em suas experimentações sexuais iniciais, reproduzindo um padrão presente nas várias gerações. As limitações do estudo referem-se às dificuldades na recuperação dos fatos relativos às histórias familiares, porque, além de valorizarem pouco essas informações, as famílias se queixam do sofrimento que a narrativa traz para todos. Conclui-se que uma proposta de intervenção com adolescente que comete ofensa sexual não pode prescindir da presença da família como protagonista.
Abstract: This is a qualitative research on family generational transmission of four adolescents who committed sexual violence against children. The text focuses on the adolescent in a perspective of interdependence of the adults responsible for their education and survival, as it is known that adolescents who have committed sexual offense present major conflicts in their family relationships. The objective was to deepen the knowledge about this little known reality in our country and to make a connection with the repetition of patterns of violence in the family life of these adolescents, through the study of family dynamics. The instrument used was the genogram, built in interviews with each family. The results point to family relations that reproduce poverty conditions of affective attachment, neglect and mistreatment, absent parents and authoritarian mothers. The discussion focuses on the process of generational transmission in the sense of committing various forms of violence that hinder the minimum conditions of emotional development of its members. As a result, these adolescents end up in violent relationships, even in their initial sexual experiments, that reproduce a pattern present in the various generations. The limitations of the study refer to difficulties in retrieving facts about family histories because, in addition to valuing this information little, families complain about the suffering that the narrative brings to everyone. It is concluded that a proposal of intervention with adolescents who commit sexual offense cannot dispense the presence of the family as protagonist.
Resumen: Se trata de una investigación cualitativa sobre la transmisión generacional familiar de cuatro adolescentes que cometieron violencia sexual contra niños. El texto enfoca al adolescente en una perspectiva de interdependencia de los adultos responsables de su educación y supervivencia, pues es sabido que el adolescente que cometió ofensa sexual presenta grandes conflictos en sus relaciones familiares. El objetivo fue profundizar el conocimiento sobre esa realidad poco conocida en nuestro país y establecer una conexión con la repetición de patrones de violencia en la vida familiar de esos adolescentes, a través del estudio de las dinámicas familiares. El instrumento utilizado fue el genograma, construido en entrevistas con cada familia. Los resultados apuntan a relaciones familiares que reproducen condiciones de pobreza de la vinculación afectiva, negligencia y malos tratos, padres ausentes y madres autoritarias. La discusión enfoca el proceso de transmisión generacional en el sentido de la comisión de varias violencias que dificultan las condiciones mínimas de desarrollo emocional de sus miembros. En consecuencia, esos adolescentes acaban por mantener relaciones violentas, incluso en sus experimentos sexuales iniciales, que reproduce un patrón presente en las distintas generaciones. Las limitaciones del estudio se refieren a las dificultades en recuperar hechos relativos a las historias familiares, porque, además de valorar poco esas informaciones, las familias se quejan del sufrimiento que la narrativa trae para todos. Se concluye que una propuesta de intervención con el adolescente que comete ofensa sexual no puede prescindir de la presencia de la familia como protagonista.