Resumo Este artigo tem por objetivo mostrar uma recriação de uma situação em sala de aula na qual o professor distribui o poder do saber com os alunos em uma estratégia que liga os saberes espontâneos, ou prévios, aos saberes abordados, de forma a fomentar a singularidade dos sujeitos. Para tanto, usaremos as noções de Bakhtin de zona de contato, a fim de defender a ideia da comunicação criativa como possibilidade de apropriação do conhecimento pelo aluno, através do discurso interno persuasivo, oriundo desse diálogo. Mostraremos como, dessa forma, o aluno se torna o que Lave e Wenger chamam membro periférico legítimo de uma comunidade de prática, aqui considerada a sala de aula. Em seguida, passaremos a considerar a dinâmica da sala de aula através do que Costa chama de problematização, subvertendo a tradição secular e/ou cultural do professor em posição central e os alunos em posições periféricas. Por fim, consideraremos essa dinâmica do ponto de vista psicológico, mostrando, a partir da ideia de Valsiner de internalização-externalização, como o conhecimento pronto e construído passa a possuir um sentido pessoal e afetivo para o aluno, a partir do uso de um exemplo ilustrativo em sala de aula sobre geometria.
Abstract This article aims to recreate a situation in a classroom in which the teacher “distributes” the power of knowledge to students by means of a strategy that links spontaneous or previous knowledge to the knowledge addressed in order to foster the singularity of the subjects. Therefore, we use Bakhtin's notion of contact zone to defend the idea of creative communication as the possibility of appropriation of knowledge by the student through persuasive inner discourse, which originates in such dialogue. We show how, in this way, students become what Lave and Wenger call legitimate peripheral members of a community of practice, which here is the classroom. Then we consider the dynamics of the classroom through what Costa calls problematization, subverting the secular and/or cultural tradition of placing the teacher in the central position and students in peripheral positions. Finally, we consider this dynamic from the psychological point of view, showing, based on Valsiner's idea of internalization-externalization, how ready and built knowledge may acquire a personal and affective meaning for the student through the use of an example in a geometry class.