OBJETIVO Analisar os níveis de estresse e a prevalência de sintomas físicos e psíquicos em trabalhadores do corte de cana antes e depois da safra. MÉTODOS Foram estudados 114 cortadores de cana, 109 trabalhadores urbanos na pré-safra, 102 cortadores de cana e 81 trabalhadores urbanos na pós-safra, na cidade de Mendonça, SP, em 2009. A análise dos dados baseou-se na frequência e porcentagem dos avaliados com sintomas de estresse, tendo sido utilizado o Inventário de Sintomas de Estresse para Adultos de Lipp-ISSL. Os dados gerais coletados foram analisados segundo estatística descritiva. Utilizou-se o teste Exato de Fisher para comparar a variável categórica representada pelo estresse pré e pós-safra nos grupos cortadores de cana e trabalhadores urbanos. Foram considerados significativos os valores de p menor que 0,05. RESULTADOS O estresse aumentou nos cortadores de cana após a safra (34,2% na pré-safra e 46,1% na pós-safra); nos trabalhadores urbanos, o estresse diminuiu de 44,0% na pré-safra para 42,0% na pós-safra. Houve predominância da fase de resistência do estresse para ambos os grupos, com sinais mais evidentes da fase de quase-exaustão e de exaustão para os cortadores de cana. Após a safra, houve tendência a aumentar o número de cortadores de cana com sintomas de quase-exaustão (6,4%) e exaustão (10,6%), bem como aumento na proporção de cortadores de cana com sintomas físicos (de 20,5% para 25,5%) e psicológicos (de 64,1% para 70,2%). Para os dois grupos, os sintomas psicológicos foram elevados nas duas fases (70,2% e 64,7%, respectivamente). CONCLUSÕES O processo produtivo de trabalho do cortador de cana pode provocar estresse. Fatores individuais, como a percepção cognitiva da experiência, crenças de autoeficácia e expectativas do trabalhador quanto ao seu desempenho, podem influenciar o entendimento sobre as reações em seu corpo diante do trabalho.
OBJECTIVE Evaluate the impact of stress on sugar cane cutters and the prevalence of physical and psychological symptoms before and after harvest. METHODS We studied 114 sugarcane cutters and 109 urban workers in the pre-harvest and 102 sugar cane cutters and 81 urban workers in the post-harvest period in the city of Mendonça, SP, Southeastern Brazil, in 2009. Data analysis was based on the frequency and percentage of the assessed symptoms of stress, using the Lipp-ISSL test (Symptoms of Stress for Adults). The data were analyzed using descriptive statistics. The Fisher Test was used to compare the variable of stress between pre- and post-harvest within the sugar cane cutter and urban worker groups. P values below 0.05 were considered significant. RESULTS Stress in sugar cane cutters increased after harvesting (34.2% pre-harvest and 46.1% post-harvest); in urban workers, stress decreased from 44.0% pre-harvest to 42.0% post-harvest. There was prevalence of the phase of resistance to stress for both groups with signs more apparent from the near-exhaustion and exhaustion phases for sugar cane cutters. After harvest, there was a tendency for the number of sugar cane cutters with symptoms of near-exhaustion (6.4%) and exhaustion (10.6%) to increase. After harvest there was a trend for the number of sugar cane cutters with physical symptoms (pre-harvest = 20.5%, post-harvest = 25.5%) and psychological symptoms (pre-harvest = 64.1%; post-harvest = 70.2%) to increase. For both groups, predominantly psychological symptoms occurred in both phases (70.2% versus 64.7%). CONCLUSIONS The work process of cutting cane can cause stress. Individual factors such as cognitive perception of the experience, self-efficacy beliefs and expectations of the employee regarding their performance can influence the understanding of the reactions in their body in face of the work.