OBJETIVO: Analisar a prevalência da hipertensão, segundo sexo e grupo etário, em grupamentos sociais, estabelecidos de acordo com critérios socioeconômicos e caracterizadar as prevalências, segundo tipo de ocupação. MATERIAL E MÉTODO: A amostra utilizada, formada por 1.041 indivíduos de ambos os sexos, maiores de 20 anos, corresponde à soma das amostras representativas de "áreas de estudo", estabelecidas por critérios socioeconômicos e geográficos, levando-se em conta a forma de inserção do grupo no meio urbano. Foram definidos estratos sociais, obedecendo um gradiente de níveis socioeconômicos, a partir do estrato I (alto) até o IV (baixo). Os padrões de referência utilizados para a definição da hipertensão foram os Joint National Committee (JNC), 140/90 mmHg, e da Organização Mundial da Saúde (OMS), 160/95 mmHg. RESULTADOS: De acordo com os padrões do JNC, e da OMS, respectivamente, nos estratos, conforme a idade, as prevalências foram as seguintes: estrato (I+II), mais ou menos 60 e 47%; estrato III, 50 e 39%; e estrato IV, 55 e 46%. Entre as mulheres os percentuais foram: no estrato (I+II), 40 e 38%; no estrato III, 56 e 48%; e no estrato IV, 55 e 46%. As prevalências entre os homens pertencentes à população economicamente ativa (PEA), quando classificados segundo tipo de ocupação, tiveram o seguinte comportamento: profissionais autônomos, formados por microempresário, pequenos comerciantes e profissionais liberais apresentaram uma prevalência de mais ou menos 60 e 37%; operários especializados e empregados em indústrias e oficinas, cerca de 47 e 37%; os assalariados do setor de serviços, mais ou menos 35 e 14%; os autônomos-diaristas, trabalhadores não especializados e desempregados, cerca de 50 e 40%. Esses diferenciais foram estatiscamente significantes em relação ao conjunto, p<0,05 para o padrão JNC, e p<0,005, para o padrão OMS. Quando comparados dois a dois os empregados em serviços, setor menos atingido pela crise econômica, apresentou prevalência significativamente menor que os demais (p<0,05). Entre as mulheres, pertencentes e não pertencentes à PEA, as prevalências, segundo o padrão da JNC, foram de 39 e 47%, respectivamente (P<0,025). De acordo com o padrão da OMS os percentuais foram de 27% para as pertencentes à PEA e de 45% para as não pertencentes (P<0,005). CONCLUSÃO: Os resultados contrariam a hipótese de que a mulher integrada ao mercado de trabalho torna-se mais exposta aos fatores de risco de doenças nãotransmissíveis. Conclui-se, que, nessa população a hipertensão é grave problema de saúde pública, com importante determinação social. Tem peculiaridades próprias no que se refere aos homens e às mulheres.
OBJECTIVE: The prevalencies of hypertension are analysed by sex and age group, in social groupings established in accord with social criteria. With a view better to understanding the social dimension of the disease, prevalencies were characterised by type of occupation. MATERIAL AND METHODS: The sample consisted of 1,041 people and corresponds to the sum of the samples representing the "study areas" established by the use of socio-economic and geographical criteria. Four social strata were defined in obedience to a socioeconomic gradient. Hypertension was defined by the Joint National Committee (JNC), 140/90 mmHg, and of the World Health Organization (WHO), 160/95 mmHg, standard references. RESULTS: According to the JNC and WHO standard references the prevalencies of hypertension, age adjusted, were of approximately the following: stratum (I+II) 60 and 37%; stratum III 50 and 39%; stratum IV 55 e 46%. Among women the prevalencies were 40 and 38% (stratum I+II); 56 and 47% (stratum III) and 55 and 46% (stratum IV). For the men belonging to the economically active population, classified by occupation, it was showed that the freelance professionals, consisting of businessmen of small firms, small traders and liberal professionals, presented a prevalence of about 60 and 37%; the skilled workers, employed in factories of 35 and 14%; the daily freelance workers, unskilled laborers and unemployed, of 59 and 40%. The women were divided by occupation as belonging or not to the economically active population (EAP) and presented the following prevalencies: 39 and 47%, respectively, according to the JNC standard, and 27 and 45%, respectively, according to the WHO standard. Thus it may be seen that these results run counter to the hypothesis that women integrated into the labour market are more exposed to the risk factors for non-transmissible diseases. CONCLUSION: Thus it may be concluded that the categories most affected by the present economic were those most affected by hypertension. On the other hand the possibility of there being and a intense social determination in the etiology of hypertension in this population is demonstrated.