Abstract This article seeks to understand the similarities among the modes of thinking behind the educational project proposed by José Veríssimo in 1890, the plans that arose in the ethnography section of the 1st Brazilian Congress of Geography in Rio de Janeiro in 1909, and the launching of the Service for the Protection of the Indian and Localization of National Workers (SPILTN) in 1910. The analysis of The National Education (1906 [1890]) by Veríssimo, the minutes of the 1st Brazilian Congress of Geography, as well as the recommendations of SPILTN, reveal repeated discussion about the susceptibility of indigenous people to “civilization.” Such civilization, by means of education, aimed at transforming the identity of indigenous people through the assimilation of so-called “civilized society’s” habits and values. Thus, the analysis of these documents demonstrates how concepts of civilization, race, education, urbanity and nation were embedded in contemporary thinking in the search for a national identity and helped generate a negative perception of the indigenous people. The conclusion is that the insertion of the Indian into the nation through education was permitted, as long as he shed his ethnic identity. An attitude that was meant to represent respect for the indigenous people as human beings, thus, reveals itself as a form of disrespect.
Resumo O artigo busca entender as similaridades entre os pensamentos presentes no projeto educacional proposto por José Veríssimo em 1890; nas propostas surgidas na seção de etnografia do 1o Congresso Brasileiro de Geografia, realizado no Rio de Janeiro em 1909; e na fundação do Serviço de Proteção ao Índio e Localização de Trabalhadores Nacionais (SPILTN), em 1910. A análise de A educação nacional (1906 [1890]), de Veríssimo, das atas do 1º Congresso Brasileiro de Geografia, assim como das propostas do SPILTN, indica a recorrência do pensamento sobre permeabilidade do indígena à “civilização” por meio da educação, visando a transformação da identidade étnica do indígena a partir da assimilação dos hábitos e valores da sociedade dita civilizada. Destarte, a partir do exame desses documentos, percebe-se como as concepções de civilização, raça, educação, urbanidade e nação articularam-se em seus discursos na busca de uma identidade nacional e influíram na construção da imagem interdita do indígena. A conclusão é que a inserção do indígena no corpo nacional por meio da educação era admitida, desde que ele se despojasse de sua identidade étnica. Uma atitude que deveria representar respeito ao indígena, como homem, revela-se assim uma forma de desrespeito.