OBJETIVO: Caracterizar acusticamente as produções da coda vibrante julgadas auditivamente como alvo; identificar a existência ou não de contrastes encobertos, nas produções julgadas auditivamente como tendo omissão da coda vibrante; e, quando existentes, caracterizar de que modo são marcados acusticamente na fala. MÉTODOS: Foram extraídas de um banco de dados, com o uso do software PRAAT, palavras produzidas por 30 crianças (3-4 anos) em desenvolvimento normal, que continham a coda vibrante medial na sílaba tônica, no contexto das vogais /i/, /a/ e /u/. Após a caracterização perceptivo-auditiva das produções, realizou-se uma análise acústica a partir das trajetórias formânticas (F1, F2 e F3) e duração relativa da sílaba que envolvia a coda vibrante. Os dados foram estatisticamente analisados. RESULTADOS: Na análise perceptivo-auditiva, 77,8% de produções foram julgadas como alvo, 12,2% como omitidas, e 10% como substituídas, variando em função do contexto vocálico. Na análise acústica das produções alvo, verificou-se que as crianças utilizam preferencialmente os parâmetros relativos à trajetória formântica de F2 e F3 para marcarem a aquisição dessa estrutura. Analogamente, na análise acústica das produções julgadas como omitidas, contatou-se a presença de contrastes encobertos, marcados pela intercepção dos parâmetros adotados. CONCLUSÃO: A análise acústica mostra‑se um recurso necessário e imprescindível para a descrição e caracterização do modo pelo qual as crianças iniciam o domínio das pistas fonético-acústicas até atingirem o contraste efetivo da coda vibrante.
PURPOSE: To acoustically characterize the target productions of vibrant coda; to identify the presence (or not) of covert contrasts in productions omitting the vibrant coda; and to characterize how these contrasts are acoustically marked in speech. METHODS: Recordings of words produced by 30 children (3-4 years old) with typical language development were selected from a database using the software PRAAT. The words analyzed involved the production of the medial vibrant coda in stressed position, in the context of vowels /i/, /a/, and /u/. After auditory-perceptual characterization of the productions, an acoustic analysis was conducted considering the formant trajectory (F1, F2 and F3) and the relative length of the syllable containing the vibrant coda. Data were statistically analyzed. RESULTS: In the auditory-perceptual analysis, 77.8% of the productions were identified as the target vibrant coda, 12.2% were omitted, and 10% were substituted, varying according to the vowel context. In the acoustic analysis of target productions, it was verified that children preferably used acoustic parameters related to the formant trajectory of F2 and F3 to mark the acquisition of this structure. Analogously, in the acoustic analysis of omitted productions, it was identified the presence of covert contrasts, marked by the interception of the adopted acoustic parameters. CONCLUSION: Acoustic analysis seems to be a necessary and indispensable resource for describing and characterizing how children start mastering acoustic-phonetic cues, until they reach the effective contrast of the vibrant coda.