Neste artigo discutem-se as contribuições dos Estudos Culturais e da Psicologia Social para as reflexões acerca dos desafios inerentes à promoção do diálogo intercultural na Europa, no contexto atual de relações intergrupais entre diversos Outros, propiciado por fatores como a intensificação dos fluxos migratórios e o avanço das tecnologias da informação e da comunicação. Para tanto, realizam-se articulações entre conceitos e categorias a partir de diferentes perspectivas teóricas nestes campos, de forma a associar discussões sobre processos identitários, alteridade, representações sociais, memória coletiva, assimetrias simbólicas, colonialidade do poder, do ser e do saber, a fim de (re)iniciar alguns debates sobre fenômenos complexos que se entrelaçam na construção do diálogo intercultural. Dessa forma, apresentam-se, ainda, diferentes concepções acerca dos conceitos de multiculturalismo e de interculturalidade, advogando-se a importância de uma perspectiva crítica na compreensão da interculturalidade, que a perceba como um projeto que parte das experiências dos "subalternos", a fim de buscar a transformação das estruturas sociais, institucionais e epistêmicas, (re)criando diferentes formas de ser, estar, de se relacionar, que impliquem não apenas o mero reconhecimento e tolerância de outras culturas, mas também a sua valorização, em diálogo e transformação mútuos.
This paper discusses the contributions of Cultural Studies and Social Psychology to the debates on the challenges inherent to the promotion of intercultural dialogue in Europe, in the current context of intergroup relations among several Others, facilitated by factors such as the intensification of migratory flows and the enhancement of information and communication technologies. To this end, we associate concepts and categories from different theoretical perspectives in these fields, in order to articulate discussions about identity processes, alterity, social representations, collective memory, symbolic asymmetries, coloniality of power, being and knowledge, to (re)initiate debates on complex phenomena that are intertwined in the development of intercultural dialogue. Therefore, different understandings about the concepts of multiculturalism and interculturality are presented, advocating the importance of a critical perspective in the understanding of interculturality, conceiving it as a project that starts from the experiences of the "subalterns", in order to seek the transformation of social, institutional and epistemic structures. This perspective allows people to (re)create different ways of being and relating to others, implying not only the mere recognition and tolerance of other cultures, but also their appreciation, in mutual dialogue and transformation.