Resumo Neste artigo, o objetivo foi realizar uma análise crítica da relação entre saúde bucal e trabalho. A reflexão emergiu do aumento expressivo na busca por atendimentos de urgência odontológica em uma unidade básica de saúde durante a pandemia pelo coronavírus, em que os sujeitos apresentavam algo em comum: a demissão de seus empregos em fábricas de calçados. Com apoio na teoria social crítica, efetuou-se uma análise sobre como o trabalho, entendido como categoria fundante do ser social, tem o seu sentido esvaziado nas sociedades capitalistas, operando mais como um obstáculo à saúde bucal na dinâmica do trabalho assalariado e alienado. Isso porque pôde-se perceber que os sujeitos recém-desempregados acumulavam diversas necessidades em saúde bucal, como infecções e inflamações que causavam sofrimentos, até então internalizados e escondidos para que pudessem manter seus empregos em um contexto de desemprego iminente, possibilitando assim que pudessem seguir reproduzindo a sua vida material. Pensar a relação entre saúde bucal e trabalho nos aproxima da compreensão do processo saúde-doença como socialmente determinado, quando as relações de trabalho explorado se materializam nas ‘bocas trabalhadoras’. Desse modo, vislumbra-se a democratização do acesso à saúde bucal entendida como o direito a uma vida plena.
Abstract In this article, the objective was to carry out a critical analysis of the relationship between oral health and labor. The reflection emerged from the significant increase in the search for emergency dental care in a basic health unit during the coronavirus pandemic, in which the subjects had something in common: the termination of their jobs in shoe factories. Based on critical social theory, an analysis was carried out on how labor, understood as a founding category of the social being, has its meaning emptied in capitalist societies, operating more as an obstacle to oral health in the dynamics of hired and alienated work. This is because it was possible to perceive that the newly unemployed subjects accumulated several oral health needs, such as infections and inflammations that caused suffering, until then internalized and hidden so that they could keep their jobs in a context of imminent unemployment, thus enabling them to continue reproducing their material life. Thinking about the relationship between oral health and work brings us closer to understanding the health-disease process as socially determined, when exploited work relationships materialize in ‘working mouths’. In this way, the democratization of access to oral health is seen and understood as a right to a full life.
Resumen En este artículo, el objetivo fue realizar un análisis crítico de la relación entre la salud bucal y el trabajo. La reflexión surgió a partir del aumento significativo de la búsqueda de atención odontológica de urgencia en una unidad básica de salud durante la pandemia del coronavirus, en la que los sujetos tenían algo en común: el despido de sus trabajos en fábricas de calzados. Con base en la teoría social crítica, se realizó un análisis sobre cómo el trabajo, entendido como categoría fundante del ser social, se vacía de significado en las sociedades capitalistas, operando más como un obstáculo para la salud bucal en la dinámica del trabajo asalariado y alienado. Esto porque se pudo percibir que los sujetos recién desempleados acumulaban diversas necesidades de salud bucal, como infecciones e inflamaciones que les causaban sufrimiento, hasta entonces interiorizadas y ocultadas para que pudieran conservar sus puestos de trabajo en un contexto de desempleo inminente, permitiéndoles así seguir reproduciendo su vida material. Pensar en la relación entre salud bucal y trabajo nos acerca de la comprehensión del proceso salud-enfermedad como socialmente determinado, cuando las relaciones de labor explotado se materializan en ‘bocas trabajadoras’. De esta forma, se vislumbra la democratización del acceso a la salud bucal, entendida como el derecho a una vida plena.