Este trabalho discute as estratégias fenológicas de Melocactus glaucescens Buining & Brederoo, M. paucispinus G. Heimen & R. Paul, M. ernestii Vaupel e M. ×albicephalus Buining & Brederoo, espécies da Chapada Diamantina, Nordeste do Brasil. M. glaucescens, M. ernestii e M. ×albicephalus ocorrem simpatricamente em uma área de caatinga/cerrado e M. paucispinus em uma área de cerrado/campo rupestre. A fenologia dos táxons simpátricos foi comparada e analisada quanto à sobreposição, enquanto a fenologia de M. paucispinus foi correlacionada com fatores abióticos e bióticos. A floração de M. glaucescens e M. ×albicephalus apresentou um padrão contínuo, porém com picos moderados de atividade, enquanto a frutificação foi subanual. A floração e a frutificação de M. ernestii exibiram padrão anual; em M. paucispinus, a floração e a frutificação tiveram padrão subanual. Os táxons simpátricos apresentaram juntos mais de 40% de sobreposição de floração, e mais de 50% em combinações aos pares, considerando tanto o número de indivíduos em floração quanto à quantidade de recurso ofertado. Informações disponíveis indicam que esses táxons compartilham polinizadores. Os dados fenológicos encontrados rejeitam a hipótese do polinizador compartilhado e sustentam a hipótese corrente de hibridação na área estudada. Foi encontrada correlação negativa entre a pluviometria e a floração de M. paucispinus e positiva com a frutificação. A floração de M. paucispinus em períodos secos do ano evita que as flores eretas posicionadas em cefálios terminais, expostos em áreas abertas da vegetação, sejam danificadas pelas chuvas, enquanto a frutificação em períodos chuvosos pode ser favorável à dispersão e germinação desta espécie.
This paper discusses the phenological strategies of Melocactus glaucescens Buining & Brederoo, M. paucispinus G. Heimen & R. Paul, M. ernestii Vaupel and M. ×albicephalus Buining & Brederoo, species from Chapada Diamantina, northeastern Brazil. Melocactus glaucescens, M. ernestii and M. ×albicephalus occur sympatrically in an area of "caatinga"/"cerrado" vegetation, and M. paucispinus in an area of "cerrado"/"campo rupestre". The superposition of flowering in these sympatric taxa was compared and analyzed. The phenology of M. paucispinus was correlated with both abiotic and biotic factors. Flowering of M. glaucescens and M. ×albicephalus were observed to be continuous (though with moderate peaks of activity), while fruiting was sub-annual. Melocactus ernestii exhibited an annual pattern of both flowering and fruiting; while in M. paucispinus the same patterns were sub-annual. These sympatric taxa showed 40% overlap of flowering periods, reaching to more than 50% in paired combinations of taxa, considering both the number of specimens flowering, as well as the quantity of resources being offered. Available information indicates that these taxa share pollinators, but phenological data rejects the hypothesis of shared pollinators and supports the hypothesis of hybridization in the study area. Rainfall was negatively correlated with flowering in M. paucispinus, but positively correlated with fruiting. Flowering of M. paucispinus in dry periods of the year avoids that erect flowers positioned in terminal cephalium, exposed in open areas of the vegetation, be damaged for the rains, while fruiting in rainy periods can be favorable to the dispersion and germination of this species.