RACIONAL: Infecções são a causa principal de morbimortalidade em pacientes submetidos a transplantes hepáticos. OBJETIVO: Avaliar as principais características destas infecções em pacientes de um hospital universitário do sul do Brasil. MÉTODO: Uma coorte retrospectiva foi conduzida com os 55 pacientes transplantados hepáticos adultos cuja cirurgia foi realizada entre 1996 e 2000 no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, RS, todos aos eventos infecciosos que ocorreram nesta população foram registrados. RESULTADOS: Uma ou mais infecções (média 2,1 episódios) foram diagnosticadas em 47 pacientes, o período de maior ocorrência destas foi o primeiro mês após a cirurgia. As infecções mais comuns foram: bacteremias, infecções intra-abdominais e pneumonias, a etiologia mais freqüente foi bacteriana, sendo os germes mais comuns os estafilicocos (em particular o S. aureus) e a E. coli. A taxa de mortalidade associada a infecções foi elevada: 17 óbitos de todos observados na coorte (27 no total). Os fatores de risco para infecção estatisticamente significantes foram: reoperação, diabetes, estenose de via biliar e classificação de Child-Pugh elevada. CONCLUSÃO: As infecções continuam sendo grave ameaça aos pacientes transplantados hepáticos e intenso esforço, que envolve o conhecimento da epidemiologia microbiológica, pesquisa e acompanhamento dos pacientes deve ser empregado, para prevenir e tratar de forma adequada estas complicações.
BACKGROUND: Infections after liver transplantations are the most important cause of morbi-mortality. In this study, we assessed the main characteristics of these infections in a southern Brazilian university hospital. METHODS: We conducted a retrospective cohort with 55 patients who underwent orthotopic liver transplantation between 1996 and 2000 in the "Hospital de Clínicas de Porto Alegre", Porto Alegre, RS, Brazil, to characterize the infections that occurred in the group. RESULTS: One or more infections (average 2.10) were diagnosed in 47 patients, especially during the first month after transplantation. The most common were bacteremia, intra-abdominal infections and pneumonia, predominantly with bacteria, especially Staphylococcus sp (and particularly S. aureus) and E. coli. The mortality rate attributed to infections was high: 17 cases of all deaths (total 27 deaths). Significant risk factors for infections included reoperation, diabetes, biliary stenosis and higher Child-Pugh scores. CONCLUSION: Infections remain a severe threat in liver transplant patients, and special efforts should be made to prevent and manage them correctly.