Contexto A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é comum em mulheres na pós-menopausa. Esta condição está associada à síndrome metabólica. No entanto, a influência da terapia de reposição hormonal no desenvolvimento da DHGNA nessas mulheres necessita ser investigada. Este estudo teve como objetivo descrever as características clínicas da DHGNA em mulheres na pós-menopausa e, a relação entre terapia de reposição hormonal e esta doença. Métodos De abril de 2009 a abril de 2011, 292 mulheres pós-menopausadas do Sistema Único de Saúde foram selecionados, e 251 foram incluídas neste estudo. A menopausa foi definida como a ausência de menstruação durante 12 meses consecutivos em mulheres saudáveis. Os critérios para diagnostico da DHGNA foram: presença de esteatose na ultra-som abdominal, história de consumo de álcool menor que 20 g/dia e exclusão de outras doenças hepáticas. Todas as mulheres foram submetidas a uma avaliação clínica. Para a obtenção dos resultados foram realizadas as análises uni e multivariada. Resultados A média de idade foi de 56,5 ± 6,7 anos. O uso de terapia de reposição hormonal foi referido por 21,1% (53) das mulheres e 78,9% (198) negaram seu uso. A prevalência de DHGNA foi de 37,1% (93/251) nas mulheres pós-menopausadas, sendo de 26,4% (14/53) no grupo em uso de terapia de reposição hormonal e 39,9% (79/198) no grupo sem uso desta terapia. A gama-glutamil transpeptidase (P = 0,001), alanina transaminase (P<0,01), ferritina (P<0,001) e resistência à insulina (obtida pelo modelo de avaliação homeostática de resistência à insulina ≥ 3) (P<0,001) foram maiores nas mulheres com DHGNA que não referiram o uso da terapia de reposição hormonal. A síndrome metabólica também foi mais frequente em mulheres com DHGNA, que não utilizaram a terapia de reposição hormonal. Conclusão Estes dados sugerem uma elevada prevalência de DHGNA em mulheres na pós-menopausa, e ainda apontam para uma associação negativa da terapia de reposição hormonal com a DHGNA.
Context Nonalcoholic Fatty Liver Disease (NAFLD) is common in postmenopausal women. It is associated with metabolic syndrome. However, the influence of hormone replacement therapy in NAFLD development in these women needs to be investigated. This study aimed to describe the clinical characteristics of NAFLD in postmenopausal women, and the relationship between hormone replacement therapy and this disease. Methods From April 2009 to April 2011, 292 postmenopausal women from National Health System from Northeast of Brazil were selected, and 251 were included in this study. Menopause was defined as the absence of menstruation for 12 consecutive months in otherwise healthy women. Criteria to NAFLD included: presence of steatosis on abdominal ultrasound; history of alcohol consumption less than 20 g/day and exclusion of other liver diseases. All women underwent a clinical evaluation. Standard univariate and multivariate analyses were performed to evaluate the results. Results The mean age was 56.5 ± 6.7 years. Hormone replacement therapy was referred by 21.1% (53) women and 78.9% (198) was not. Prevalence of NAFLD was 37.1% (93/251) in postmenopausal women, 26,4% (14/53) in the group with hormone replacement therapy and 39,9% (79/198) without hormone replacement therapy. Gamma-glutamyl transpeptidase (P = 0.001), alanine transaminase (P<0.01), ferritin (P<0.001) and insulin resistance (homeostatic model assessment of insulin resistance ≥3) (P<0.001) were higher in the group of women with NAFLD diagnosis who did not referred the use of hormone replacement therapy. Metabolic syndrome was also more frequent in women with NAFLD, who did not refer hormone replacement therapy. Conclusion In conclusion this data suggests elevated prevalence of NAFLD in postmenopausal women; negative association of hormone replacement therapy and NAFLD.