Foi realizado levantamento da incidência de reação de Wassermann positiva (método de Wadsworth, Maltaner e Maltaner) em gestantes e parturientes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Brasil), no período de 1976 a 1981, com o objetivo de verificar sua incidência e distribuição anual e relacionar os resultados com idade, cor, procedência e evolução das parturientes com sorologia positiva. Neste período foram atendidas 16.290 gestantes, das quais 710 (4,4%) eram W+. Destas, 39 abortaram e 671 se tornaram parturientes, tendo 497 delas dado à luz no hospital pesquisado. Cerca de 70% das gestantes eram brancas e 30% não-brancas, com incidência de W+ de 3,5% nas primeiras e 6,3% nas não-brancas. A maioria delas procedeu de Ribeirão Preto-SP e apresentaram incidência ligeiramente maior que as de outros municípios. A faixa etária de 26-30 anos foi a mais atingida (5,1%). Quanto à incidência anual, verificou-se aumento de casos no 29 triênio (1979-1981) em relação ao triênio anterior. Das 497 parturientes W+ que deram à luz neste hospital 70% delas fizeram pré-natal, mas apenas 40% foram tratadas durante a gestação. Entre as tratadas, a ocorrência de casos de lues congênita confirmados ou suspeitos foi de 20%, enquanto nas não-tratadas foi de 61%, não se evidenciando menor acometimento dos conceptos das multigestas em relação às primigestas ou secundigestas. Apesar de ter-se verificado que o maior percentual de gestantes W+ correspondia às não-brancas na faixa etária de 26-30 anos, os percentuais dos demais grupos não foram desprezíveis. Assim sendo, não se conseguiu obter o perfil preponderante das mães com lues neste Serviço, recomendando-se a investigação sistemática desta infecção em todas as gestantes e parturientes, visto que sua incidência aumentou nos últimos anos deste período de estudo.
The incidence of positive Wassermann (W) test in sera of pregnant women in the "Hospital das Clínicas", Medical School of Ribeirão Preto, University of S. Paulo, was determined during the period 1976 to 1981, in order to study its relationship to race, age, place of origin and outcome of pregnancies. There were 16,290 pregnant women attended in this period; 710 (4.4%) were serologically positive, and, of these, 39 aborted and 671 became parturients but only 497 gave birth in this hospital. About 70% of the pregnant women were racially considered "white" and 30% "non-white", for these latter the incidence of positive W test was 6.3% as against 3.5% in the "whites". Most of the patients were from Ribeirão Preto, SP, and the age-group 26-30 years showed the highest incidence (5.1%) of positive tests. The incidence of positive W was higher in the 2nd trienium (1979/81) than in the first one. About 70% of the 497 positive W test women that gave birth in this Hospital attended prenatal clinic but only 40% of them were treated before the delivery. In the "treated" group the incidence of congenital syphilis (confirmed or dubious cases) was 20% as against 61% in the group of "non-treated" mothers. As all the groups of patients showed significant incidence of seropositivity or the disease, it is recommended to screen every pregnant women at each trimester of pregnacy and at delivery, so as to give early treatment for syphilis and to avoid its congenital transmission and sequelae.