RESUMO As hérnias adquiridas não estranguladas em garanhões são raras, principalmente quando o conteúdo herniado não é de alças intestinais. Assim, o objetivo deste trabalho foi descrever um caso de hérnia inguino escrotal adquirida e não estrangulada em garanhão, cujo conteúdo herniado era composto pelo omento. Foi atendido um garanhão da raça Crioula com histórico de rabdomiólise, laminite e aumento de volume escrotal bilateral, evidenciado na região escrotal esquerda. O animal apresentava dor nos membros torácicos, alterações na avaliação sanguínea, destacando-se a hipoproteinemia, e demonstrava dor leve à palpação na região do anel inguinal esquerdo. Suspeitou-se de hidrocele secundária a hipoproteinemia. Após a internação, o animal apresentou sinais de abdômen agudo, revertidos clinicamente. Com isso, realizou-se ultrassonografia da região escrotal, cujos achados sugeriram hérnia inguinal não estrangulada, sem que o conteúdo pudesse ser identificado. Optou-se pelo tratamento cirúrgico, com o intuito de identificação do conteúdo herniado e remoção do testículo esquerdo. Foi realizado acesso à bolsa escrotal afetada, na qual se observou presença de líquido e de uma porção do omento envolvendo o testículo e aderido a ele. O animal recebeu alta após restabelecimento da cirurgia e da laminite. Na propriedade, durante temporada reprodutiva, o garanhão permaneceu com uma manada de éguas para realização de monta natural. Passados 15 meses da cirurgia, o animal foi reavaliado e não demonstrou sinais ativos de processo inflamatório e degenerativos no testículo remanescente. Nessa ocasião, também foi realizado diagnóstico de gestação e todas as éguas encontravam-se prenhes. Conclui-se que a presença de omento como conteúdo herniado não representa uma emergência cirúrgica, mas pode tornar o prognóstico reprodutivo reservado. Ainda, a remoção do testículo afetado pode trazer benefícios à espermatogênese do remanescente.
ABSTRACT Non-strangulated acquired hernias in stallions are rare, especially when the herniated content is not intestinal loops. Thus, the aim of the current study is to describe a case of acquired non-strangulated inguinoscrotal hernia in a stallion, whose herniated content was the omentum. The patient was a Criollo stallion with history of rhabdomyolysis, laminitis and bilateral scrotal volume increase observed in the left scrotal region. The animal presented pain in both thoracic limbs, abnormal blood test, especially hypoproteinemia, and mild pain during palpation in the left inguinal ring region. Hydrocele secondary to hypoproteinemia was suspected. After admission, the animal showed signs of acute abdomen, which were clinically reversed. With this, the animal was subjected to ultrasound examination of the scrotal region, whose findings suggested non-strangulated inguinal hernia, although the content could not be identified. Surgical treatment was chosen in order to identify the herniated content and remove the left testicle. Access to the affected scrotum was performed, in which the presence of fluid and a portion of the omentum was observed surrounding the testis and adhering to it. The animal was discharged after he recovered from the surgery and from laminitis. During the breeding season, the stallion remained with a herd of mares for natural mating. After 15 months of surgery, the animal was reassessed and showed no active signs of inflammatory and degenerative processes in the remaining testis. On this occasion, a pregnancy diagnosis was also performed, and all the mares were pregnant. It is concluded that the presence of omentum as a herniated content does not represent a surgical emergency but can make the reproductive prognosis reserved. In addition, removal of the affected testicle can benefit the spermatogenesis of the remaining testicle.