Resumo O presente artigo analisa experiências de assassinato e ameaça de morte vividas por posseiros do município de Pinhão, Paraná, em um conflito por terras que assume múltiplos desdobramentos. Para tanto, observam-se as categorias que os sujeitos acionam para narrar essas experiências: desaforos, provocações, brigas, esperas, brigas de bar, brigas de família. Esses termos não correspondem a tipologias ou códigos normativos, mas expressam formas de viver e reconhecer violações, bem como um saber sobre os perigos constitutivos de famílias, comunidades e da própria luta. Revelam, ainda, os processos de expropriação em seus aspectos performativo e cotidiano, nos quais a morte e sua ameaça compõem reivindicações sobre pessoas e terras e agenciam sujeitos e lugares no conflito. Essas categorias se caracterizam por sua abertura e permanente contestação, representando as maneiras com que os posseiros avaliam moralmente as violências e tensões implicadas no viver em terras em disputa.
Abstract This article discusses violence in land conflicts through the perspectives of peasants in Pinhão, Paraná, concerning their experiences of deaths and threats in a struggle that unfolds in multiple ways. The analysis focuses on the terms through which the peasants narrate their experiences: outrages, provocations, fights, ambushes, bar fights, family fights. Such categories do not correspond to typologies or normative codes. Instead, they express forms of living and recognizing violations, and a knowledge of the dangers involved in the constitution of families, communities, and struggles. These categories also reveal the performative and everyday aspects of a dispossession process in which death and the threat of death become ways of claiming rights over people and lands, and of agencying persons and places. The categories remain open to contestation, representing how peasants morally evaluate the forms of violence and the tensions that come with living in disputed lands.
Resumen Este artículo analiza las experiencias de asesinato y amenaza de muerte vividas por campesinos en el municipio de Pinhão, Paraná, en un conflicto por la tierra que adquiere múltiples consecuencias. Se prestará especial atención a las formas que los sujetos utilizan para narrar estas vivencias: insultos, burlas, peleas, emboscadas, peleas de bar, peleas de familia. Estos términos no corresponden a tipologías o códigos normativos, sino que expresan formas de vivir y reconocer situaciones de violencia así como saberes sobre los peligros constitutivos de las familias, las comunidades y la propia lucha. Al mismo tiempo revelan una narrativa sobre los procesos de expropiación en sus aspectos performativos y cotidianos, en los que la muerte y la amenaza de muerte configuran reclamos sobre personas y tierras y agencian sujetos y lugares en el conflicto. Estas categorías se caracterizan por su apertura y contienda permanente, representando las formas en que los campesinos evalúan moralmente la violencia y las tensiones que configuran la experiencia de vivir en tierras en disputa.