Resumo Objetivo: Avaliar características clínico-epidemiológicas e desfechos clínicos em pacientes internados por insuficiência cardíaca descompensada (ICD), estabelecendo uma comparação entre pacientes chagásicos e não chagásicos. Método: Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo abrangendo 136 pacientes internados consecutivamente com ICD entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2011, tendo como desfechos: lesão renal aguda, choque cardiogênico, reinternamento e óbito hospitalar. Foram incluídos indivíduos com idade ≥ 18 anos com ICD e excluídos aqueles com mais de 10% de dados faltantes em relação aos desfechos. Para a análise estatística, foi utilizado o SPSS® versão 17.0. Para a comparação entre proporções, foi utilizado o teste Qui-quadrado. O teste T de Student foi utilizado para comparar médias. Utilizamos as curvas de Kaplan-Meier e o teste do log rank para comparar as taxas de reinternações entre os dois grupos ao longo do tempo. Resultados: Na comparação entre chagásicos e não chagásicos, os primeiros apresentaram menor média de pressão arterial sistêmica (111,8±18,4 versus 128,8±24,4; p<0,01), menor média de pressão arterial diastólica (74,5±13,6 versus 82,0±15,2; p<0,01) e menor fração de ejeção do ventrículo esquerdo (26,5±6,2 versus 41,5±18,9; p<0,01). Um total de 20 chagásicos (50,1%) reinternaram contra 35 não chagásicos (35,4%; p=0,04). O teste do log rank = 4,5 (p<0,01) mostrou que as taxas de reinternações entre os dois grupos ao longo do tempo (curvas de Kaplan-Meier) diferiram. Conclusão: A doença de Chagas associou-se a menores valores de pressão arterial sistólica e diastólica, além de menor fração de ejeção do ventrículo esquerdo. A taxa de reinternamento foi maior em chagásicos.
Summary Objective: To evaluate clinical and epidemiological characteristics and clinical outcomes in patients hospitalized with decompensated heart failure (DHF), with a comparison between Chagas and non-Chagas disease. Method: This is a retrospective cohort study involving 136 patients consecutively admitted with DHF between January 1 and December 31, 2011, with the following outcomes: acute renal failure, cardiogenic shock, rehospitalization, and hospital death. Individuals aged ≥ 18 years with DHF were included while those with more than 10% of missing data regarding outcomes were excluded. Statistical analysis was performed using SPSS version 17.0. Chi-squared test was used to compare proportions. Student's T test was used to compare means. Kaplan-Meier and log-rank tests were used to compare rehospitalization rates between the two groups over time. Results: Chagasic and non-chagasic patients were compared. The first had lower mean systolic blood pressure (111.8±18.4 versus 128.8±24.4, p<0.01), lower mean diastolic blood pressure (74.5±13.6 versus 82.0±15.2, p<0.01) and lower left ventricular ejection fraction (26.5±6.2 versus 41.5±18.9, p<0.01). In all, 20 patients with Chagas (50.1%) were rehospitalized, compared to 35 patients in the non-Chagas group (35.4%, p=0.04). Log rank test = 4.5 (p<0.01) showed that rehospitalization rates between the two groups over time (Kaplan-Meier curves) differed. Conclusion: Chagas disease was associated with lower systolic and diastolic blood pressure and lower left ventricular ejection fraction. The rehospitalization rate was higher in Chagas disease.