O objetivo do presente trabalho foi estudar as manifestações disabsortivas produzidas por infecção pelo Strongyloides stercoralis. Foram selecionados dois grupos de indivíduos, o primeiro de 40 doentes, com evidência de infecção pela demonstração do parasito nas fezes ou no suco duodenal centrifugado e o segundo de 15 indivíduos normais, que serviram como testemunhas. Os pacientes e os testemunhas foram estudados sob o aspecto clínico (distúrbios de ritmo intestinal, dispepsia, intolerância alimentar, dor epigástrica e emagrecimento), laboratorial (gordura fecal em 120 horas, taxa de excreção de d-xilose, carotenemia, prova de sobrecarga com lactcse, etc.), radiológico (velocidade de trânsito presença ou não de hipersecreção, fenômenos de floculação, cera ou segmentação) e histopatológico (presença ou não de congestão, edema, alargamento, ou diminuição de altura das vilosidades). De posse desses dados, foram os pacientes separados em subgrupos, na tentativa de se correlacionarem os quadros clínicos e laboratoriais com as alterações radiológicas e histológicas na estrongiloidose intestinal. Em 25% dos pacientes as manifestações datavam de mais de dois anos, em 20% menos que 6 meses, tendo sido, no entanto, impossível detectar em todos os pacientes o início da infecção pelo helminto. Quanto à avaliação laboratorial, os indivíduos normais excretaram, em média, 3,1 gramas de gordura fecal nas 24 horas, situando-se o grupo doente em níveis médios superiores a 5,5 g e tendo 10 pacientes perdido mais de 10 g nas 24 horas. Vale ressaltar a coexistência de excreção de gordura fecal alta e alterações morfológicas do intestino delgado. A determinação de gordura fecal, excretada em 24 horas, mostrou-se a prova mais fiel na avaliação de disabsorção intestinal secundária ao Strongyloides stercoralis. As demais provas laboratoriais não foram significativas nos vários subgrupos considerados. Tanto a histopatologia, como a radiologia do delgado mostraram-se modificadas nos pacientes com esteatorréia, variando desde alterações mínimas até as mais intensas.
The aim of the present work was to investigate malabsorption associated with Strongyloidiasis. Two groups were studied, one composed of 40 patients in which larvae were found either in the stools or in the duodenal aspirate, and a control group of 15 normal (negative stools and duodenal aspirates and absence of any other conditions leading to malabsorption). Both groups were hospitalised and studied from the clinicai (changes of intestinal rythm, dyspepsia, food intolerance, epigastric pain, weigth loss, etc.), laboratorial (fecal fat estimation in 5 day periods, d-xilose excretion, blood carotene leveis, lactose tolerance tests, etc.) and radiological standpoint (transit time, investigation for evidence of hypersecretion, floculation, puddling, segmentation). Biopsy specimens were scrutmized for congestion, edema, broadening and/or shortening of the villi. Patients were divided in sub-groups according to the foregoing parameters, in an attempt to correlate the clinicai and laboratory data with radiologic and histopathologic findings. The average fecal fat excretion in normais was 3.1 g/24 hs, while 24 patients (60%) excreted more than 5.5 g/ 24 hs, and 10 patients had overt steatorrhoea more than 10 g/24 hs. A significant correlation was the finding of higher leveis of fecal fat in patients with morphological changes of the small bowel, pointing to the fecal fat as the most reliable index of malabsorption, whereas the other tests gave inconsistent results in the different groups. The histological and radiological abnormalities were always present in patients with steatorrhoea, varying from minimal to the most severe changes.