Visando identificar diferenças individuais no modo como as crianças encenam uma variedade de situações relacionadas com a vinculação, o Attachment Story Completion Task (ASCT, Bretherton & Ridgeway, 1990) tem sido utilizado em diferentes culturas, sendo uma das metodologias narrativas de completamento de histórias mais utilizadas durante o período pré-escolar. Não obstante o vasto reconhecimento do seu valor, tanto clínico como empírico, mais estudos revelam-se indispensáveis para confirmar a validade discriminativa do ASCT face a medidas de competência verbal, bem como para clarificar alguns aspectos relacionados com a sua fiabilidade. Procurando contribuir para uma melhor compreensão da utilização do instrumento na população portuguesa, o presente estudo debruçase especificamente sobre a potencial influência da idade e do Q.I. verbal nas respostas dadas pelas crianças. O ASCT foi aplicado a 159 crianças em idade pré-escolar e escolar (M=66.11, DP=9.96), tendo o desempenho dos sujeitos ao longo da tarefa sido analisado através de uma escala contínua de segurança, por investigadores independentes, previamente treinados. Os valores de segurança (quer história a história, quer no conjunto das histórias) não apresentaram associações relevantes com nenhuma das variáveis sócio-demográficas consideradas, nem com a idade dos participantes. Foi, no entanto, encontrada uma associação positiva, de fraca intensidade com o Q.I. verbal, estimado através da WPPSI-R [Wechsler, 1989) (r=.16, p(unilateral)<.05]. A estabilidade da medida foi explorada numa sub-amostra de 34 sujeitos, após um intervalo temporal de, aproximadamente, 11 meses. Verificou-se que, embora haja uma tendência para o desempenho global dos sujeitos ser avaliado, em termos da média grupal, de forma significativamente mais elevada [t(33)=2.50, p(unilateral)<.01, d=.49], quando avaliada intra-sujeitos, a segurança mostra-se moderadamente estável (r=.33, p<.05, n=34). Final mente, foram encontradas evidências que sugerem influências recíprocas, ao longo do desenvolvi mento, entre aspectos associados à segurança das representações e capacidade verbal.
Attempting to identify individual differences in the way children tend to enact a variety of attachment related scenarios, the Attachment Story Completion Task (ASCT, Bretherton & Ridgeway, 1990) has been used in various cultures, being considered a key narrative methodology in the field. Although ASCT’s both clinical and empirical value is widely acknowledged, more research seems to be needed to fully confirm its discriminative validity from measures of verbal competence, as well as to clarify reliability issues. This study aims to contribute to a better understanding of the instrument in the Portuguese population, especially in what concerns the potential influence of age and verbal I.Q. in participants’ performance. 159 pre-school and school age children (M=66.11, SD=9.96) participated in the study. Children’s performance in each of the stories was assessed using a continuous security scale rated by independent trained coders. No significant correlations were found between security scores and social-demographic variables, or children’s age. However, a weak positive association was found with verbal I.Q., estimated with the WPPSI-R (Wechsler, 1989) [r=.16, p(unilateral)<.05]. Temporal stability was examined in a sub-sample (n=34), after an 11 months period. Security scores were higher in the second evaluation, in terms of group’s mean [t(33)=2.50, p(unilateral)<.01, d=.49], but there was moderate stability (r=.33, p<.05, n=34) when security was considered at the intra-individual level. Data also supports the idea that, along development, there are bidirectional influences between the organization of attachment representations and children’s verbal capacities.