CONTEXTO: A integridade da membrana basal (MB) é destruída no processo de evolução de uma lesão benigna ou potencialmente maligna para uma lesão maligna, onde ela pode sofrer vários graus de descontinuidade, como condição necessária para o processo de invasão. A imunocoloração para colágeno IV, que é exclusivamente encontrado na MB, tem sido utilizada para avaliar sua formação em processos benignos e neoplásicos de vários órgãos. OBJETIVO: Investigar o padrão de continuidade da MB no carcinoma in situ (CIS), microinvasivo (CMI) e epidermóide (CE) do colo uterino. Além disso, pretendeu-se verificar em que medida estes padrões poderiam ser úteis no diagnóstico de invasão estromal inicial (CMI). TIPO DE ESTUDO: Foi estudado o material do arquivo de tecidos dos anos de 1988 a 1993 do Departamento de Anatomia Patológica da UNICAMP. PROCEDIMENTOS: Os tecidos eram fixados em formalina e incluídos em parafina e foram revistos retrospectivamente para serem submetidos à reação imuno-histoquímica pelo método da avidina-biotina-peroxidase, com o anticorpo monoclonal anti-colágeno IV. RESULTADOS: Ao todo, foram avaliados 17 casos de CIS, 16 de CMI e 21 de CE. Todos os casos de CE mostraram evidente descontinuidade da MB, quer focal ou difusa. No grupo dos CIS foi observado um padrão contínuo de MB, sendo focalmente lesado em apenas 2/17 casos (11,8%). O grupo dos CMI mostraram um padrão intermediário, com clara tendência à descontinuidade da MB em 10/16 casos (62,5%). O infiltrado inflamatório, variável também estudada, não pode ser responsabilizado pela descontinuidade da MB, já que não houve correlação estatística entre eles. CONCLUSÃO: A imunocoloração para colágeno IV pode contribuir no diagnóstico de invasão estromal, quando houver lesão da MB.
CONTEXT: The integrity of basement membrane (BM) is damaged during the evolution of a benign or potentially malignant lesion into a malignant one, in which it may undergo several degrees of discontinuity as a necessary condition for the invasive process. Immunostaining for collagen IV, which is exclusively found in BM, has been used to evaluate its formation in neoplastic and benign lesions of several organs. OBJECTIVE: To investigate BM continuity pattern in squamous carcinoma "in situ" (CIS), microinvasive (MIC) and invasive (IC) squamous cell carcinoma of the uterine cervix, and to find out if BM expression could be useful in the diagnosis of early stromal invasion (MIC). DESIGN: Archival material between 1988 and 1993 was studied at the Pathological Anatomy Department - Unicamp. PROCEDURES: The selected cases, previously formalin fixed and paraffin embedded, were reviewed retrospectively by submitting them to immunohistochemical study via the avidin-biotin-peroxidase method using a monoclonal antibody anticollagen IV. RESULTS: In all, 17 cases of CIS, 16 of MIC and 21 of IC were evaluated. All IC cases showed evident BM discontinuity, either focal or diffuse. In the CIS group, a continuous BM pattern was predominant, being focally disrupted in only 2/17 cases (11.8%). The MIC group showed an intermediate pattern, but with a clear tendency to BM discontinuity in 10/16 cases (62.5%). Inflammatory infiltrate, a variable also studied, cannot be considered responsible for BM discontinuity, since there was no statistical correlation between them. CONCLUSION: We conclude that immunostaining for collagen IV may contribute to the diagnosis of stromal invasion by BM discontinuity.